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Aventuras, animações e até um sci-fi estão no Rendez-vous Avec Le Cinéma Français

Divulgação -
"Grâce a Dieu" é o novo longa-metragem de François Ozon, centrado na pedofilia na igreja católica
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Indicado ao Urso de Ouro na Berlinale (7 a 17 de fevereiro) e encarado como um potencial sucesso de bilheteria na Europa, por sua abordagem sobre crimes sexuais de padres da Igreja Católica, “Grâce à Dieu”, o esperadíssimo novo longa-metragem de François Ozon, é um dos anzóis mais luminosos para atrair os holofotes mundiais para a nova safra do cinema francês, cuja vitalidade e diversidade de gêneros serão celebradas a partir desta quinta-feira em Paris.

Estima-se a presença de cerca de cem artistas, entre atrizes de fama mundial, galãs queridos por plateias de múltiplas línguas e cineastas de reputação autoral (como Ozon) vão passar pelo Hotel Le Collectionneur, na Rue de Courcelles, a sede da 21ª edição do Rendez-vous Avec Le Cinéma Français, mostra realizada anualmente pela Unifrance. Esse é o órgão do governo da França responsável pela manutenção e promoção da indústria audiovisual. A cada ano, ele promove um encontro reunindo cerca de 400 distribuidores de todo o planeta para divulgar prováveis sucessos de bilheteria e experimentos narrativos com fôlego para desafiar as convenções cinematográfica.

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"Grâce a Dieu" é o novo longa-metragem de François Ozon, centrado na pedofilia na igreja católica (Foto: Divulgação)

De 17 a 21 de janeiro, emissários de 75 filmes vão passar pelas ruas parisienses, batendo ponto no Le Collectionneur, para um papo com 120 jornalistas de 32 países, revelando as tendências que hão de mobilizar espectadores no planisfério cinéfilo. Na abertura, vai ter projeção de gala da comédia “Qu’est-ce qu’on a encore fait au bon Dieu?”, de Philippe de Chauveron, continuação do fenômeno popular “Que mal eu fiz a Deus?” (visto por 12 milhões de pagantes em 2014). Vai ter ainda a entrega de um prêmio honorário para a dupla Olivier Nakache e Éric Toledano, de “Intocáveis” (2011), um ímã de pagantes, com 20 milhões de ingressos vendidos.

Confira a seguir alguns dos filmes que integram a estratégia de ocupação global da França.

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"Quest-ce quon a encore fait au bon Dieu?", de Philippe de Chauveron, é o filme de abertura do festival (Foto: Divulgação)

Os destaques franceses

“High Life”, de Claire Denis: No filme mais ousado de sua carreira, a realizadora de “Minha terra, África” (2009) volta seus olhos para o espaço sideral, onde acompanha a jornada de um astronauta (Robert Pattinson, o vampiro romântico de “A saga Crepúsculo”) e sua filha bebê em uma nave onde os passageiros morreram sob circunstâncias misteriosas, mas que pode estar ligado aos experimentos de fertilização de uma médica (Juliette Binoche). É uma sci-fi onde o sexo e as neuroses sexuais contam mais do que a tecnologia.

“Le Flic de Belleville”, de Rachid Bouchareb: Um dos mais combativos cronistas da imigração africana na Europa, o realizador de “Dias de glória” (2006) aproveita todo o talento cômico de Omar Sy (de “Intocáveis”) para fazer uma espécie de “Um tira da pesada” à francesa. Sy brinca de Eddie Murphy no papel de Baaba, um policial que larga as ruas da França para vingar a morte de um amigo em Miami – mas sem perder o humor.

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Omar Sy, astro de "Intocáveis", brinca de Eddie Murphy nessa versão à francesa de "Um tira da pesada" (Foto: Divulgação)

“Dilili à Paris”, de Michel Ocelot: Espécie de antropólogo da animação, o septuagenário realizador de “Kirikou e a feiticeira” (1998) recria a França de 1900, sob a ótica de uma menina negra de uma aldeia do Pacífico Sul que tem a chance de visitar Paris no auge da ebulição artística e científica da vira do século XIX para o século XX. Ela cruza com Marcel Proust, Louis Pasteur e Toulouse-Lautrec nesta viagem construída a partir de uma estética de colagens.

“L’Empereur de Paris”, de Jean-François Richet: Concebido para ser a ofensiva francesa contra os blockbusters de Hollywood, esta superprodução do diretor de “Inimigo público nº 1” (2008), baseada nos feitos do criminoso Eugène François Vidocq (1775-1857), fez jus a seu objetivo: graças ao carisma do astro Vincent Cassel, o longa vendeu 730 mil ingressos em três semanas. Na trama, Vidocq tenta refazer sua vida como comerciante, mas é empurrado de volta ao submundo mas, desta vez, para debelar os malfeitores. As cenas de ação rodadas por Richet são impressionantes.

“L’Homme Fidèle”, de Louis Garrel: Filha do pirata Johnny Depp com a cantora e atriz Vanessa Paradis, Lily-Rose Depp é uma Lolita que mexe com os brios e os hormônios de um realizador de documentários às voltas com um trauma amoroso ligado à traição de sua ex. A jovem atriz rouba a cena desta “dramédia” romântica dirigida e estrelada pelo galã Louis Garrel, que deu a ele o prêmio de melhor roteiro no Festival de San Sebastián, na Espanha.

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Michel Ocelot revisita a capital francesa de 1900 na animação "Dilili à Paris" (Foto: Divulgação)

“Mektoub, my love: Canto uno”, de Abdelatiff Kechiche: Ganhador da Palma de Ouro em 2013 com “O azul é a cor mais quente”, o polêmico cineasta tunisiano aposta na sensualidade uma vez mais, nesta crônica geracional sobre a vida sexual e afetiva de um grupo de universitários na França Mediterrânea dos anos 1990, tendo como foco as angústias de um jovem de origem árabe que faz faculdade de cinema. Suas fartas doses de erotismo e de nudez explícita criaram novas inimizades para Kechiche, consagrado por sua singular direção de atores.

“Le Grand bain”, de Gilles Lellouche: Sem nenhum parentesco com o mítico diretor Claude Lelouch, Gilles, um dos mais populares galãs do cinema francês, reuniu a nata dos astros de seu país nesta chanchada aquática que marca sua estreia na direção. Mathieu Amalric, Jean-Hughes Anglade, Guillaume Canet e Benoît Poelvoorde interpretam um time de fracassados profissionais que encontram no nado sincronizado um prazer, uma terapia e uma redenção.

Divulgação - "Quest-ce quon a encore fait au bon Dieu?", de Philippe de Chauveron, é o filme de abertura do festival
Divulgação - Omar Sy, astro de "Intocáveis", brinca de Eddie Murphy nessa versão à francesa de "Um tira da pesada"
Divulgação - Michel Ocelot revisita a capital francesa de 1900 na animação "Dilili à Paris"