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Carroça de Mamulengos se baseia na própria história em espetáculo atual

Diego Bresani/Divulgação -
Inédito no Rio, Janeiros se inspira em artistas andantes, como os da trupe
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Pela primeira vez com uma residência fixa, a trupe Carroça de Mamulengos apresenta espetáculo inédito nos palcos cariocas. “Janeiros” conta a história de um homem que plantava seu sustento por onde passava, quando conheceu a Mãe Coragem, personagem descrita como “a velha mais velha da Terra” e que ousou domar o Boi Bravo do Tempo.

Esse homem simboliza artistas andantes, como os integrantes da companhia itinerante, que há 42 anos vem viajando pelo Brasil com seus espetáculos de mamulengos – fantoches típicos do Nordeste, cujo nome viria de mão molenga.

Além dos fantoches, bonecos gigantes, palhaços com pernas de pau, mágica e outros recursos são lançados pela trupe fundada em 1977, em Brasília, pelo casal formado pela atriz Schirley França e o bonequeiro Carlos Gomide. Desde a estreia “O Benedito” (1980), a vida da companhia é andar por este país, até hoje se fixar feliz – sem descansar – em Juazeiro do Norte, no Ceará.

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Inédito no Rio, Janeiros se inspira em artistas andantes, como os da trupe (Foto: Diego Bresani/Divulgação)

Lá, a Carroça montou o Centro de Artes do Cariri, onde ensina circo, música, desenho, costura e outras artes e técnicas ligadas à sua atividade. “O Cariri tem uma característica singular na cultura popular, com grande concentração de grupos da tradição de cultura oral”, conta Maria Gomide, a filha primogênita.

Na estrada desde bebê, Maria faz sua primeira visita ao Rio desde a descoberta que alcançou no ano passado: saber quando nasceu. “Foi em 18 de novembro de 1984”, último dia de um festival em Natal. “Nasci na itinerância da minha família, meu pai me registrou quase nove anos depois. Meu nascimento foi anunciado no palco”, relata a artista, que mantém a tradição – sua filha Ana, nascida em 2013, também está em cena “desde a gestação”, assim como a sobrinha Iara.

Ao todo, embora nem todos estejam sempre juntos nas montagens, a trupe reúne, além dos pais, são oito filhos (metade dos quais em duas levas de gêmeos) e dois netos, mais as mães dos netinhos e outros dois integrantes, ambos músicos. No início, a Carroça viajava toda junta, o tempo todo. Depois, pela evolução do produção cultural, passou a viver temporariamente onde firmavam contrato, incluindo o Rio, entre 2008 e 2010.

“A gente vem de um período onde era possível chegar na cidade e ‘fazer a praça’. Hoje, é tudo acertado via edital e com muito planejamento, um ano de antecedência”, explica. “Aí, passamos a morar pelos tempos dos contratos nas cidades. Elas eram as nossas bases. Foi assim no Rio de Janeiro; depois, em Rio Acima (MG), onde moramos depois – inclusive onde lançamos ‘Janeiros’ –, e está sendo em Juazeiro do Norte”.

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SERVIÇO

JANEIROS

Caixa Cultural. Av. Almirante Barroso, 25 - Centro. Tel.: 3980-3815.

De sexta a domingo, às 19h. Até 20/1. R$ 30. Capacidade: 180 pessoas.