ASSINE
search button

'A favorita' faz jus ao nome na briga pelo Bafta

Reprodução -
Zózimo Bulbul estrela e dirige "Alma no olho", marca do curta-metragem brasileiro dos anos 1970
Compartilhar

Concedido desde 1949 pela British Academy of Film and Television Arts e apelidado de Oscar inglês, o Bafta tem como seu principal candidato para a cerimônia de premiação de 2019, agendada para 10 de fevereiro no Royal Albert Hall, em Londres, uma prata da casa talhada com metal grego: “A favorita”, de Yorgos Lanthimos, dispara na dianteira da competição do Reino Unido com 13 indicações.

No domingo, o longa-metragem – coroado com o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, em setembro – rendeu o Globo de Ouro de melhor atriz de comédia para Olivia Colman (da série “The crown”). Seu desempenho, no papel da rainha Anne, monarca do século XVIII, com dores de gota e calores afetivos por duas amantes (Rachel Weisz e Emma Stone), é um ímã de elogios. Nos calcanhares de Lanthimos (diretor nascido na Grécia, aclamado por “O Lagosta”, de 2015), estão “Nasce uma estrela”, “Roma”, “Bohemian Rhapsody” e “O primeiro homem”, que têm sete indicações cada. Líder de indicações no Globo de Ouro, a sátira política “Vice” concorre a seis prêmios, seguido por “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee, com cinco indicações.

Há um clima de “Ligações perigosas” (1988), de Stephen Frears, em “The favourite”. Assim como há um toque de “Amadeus” (1984), de Milos Forman, nesta elegante produção que põe Elton John pra tocar onde menos se espera – e funciona. Não por acaso o longa está ainda no páreo do Producers Guild Awards, a láurea anual do sindicato dos produtores. O filme está concorrendo em 14 categorias no Critics’ Choice Awards, que será entregue neste domingo, em Los Angeles. “Como eu nunca tinha feito um filme de época, a chance de contar uma história sobre a Corte inglesa, filmando em Londres, soou muito atraente. É um enredo que me permite retratar toda a complexidade do universo feminino”, diz Lanthimos em resposta ao JB em Veneza. “Filmei em locações reais, onde o trabalho era extrair o peso do passado, o excesso do simbolismo da memória”.

Seu roteiro narra uma série de intrigas nas quais a adoentada rainha Anne (Olivia Colman, hilária) se envolve ao mexer com o coração e a vaidade de duas mulheres. A nobre Lady Sarah (Rachel Weisz, numa atuação memorável) e a aia Abigail (Emma Stone) vão dividir a cama da monarca, bagunçando a Corte e os jogos de Poder numa nação em conflito. Há uma relação lésbica entre elas retratada sem qualquer medo de tabus históricos. “Tentei criar uma figura de Poder sem caricaturas, mas com complexidades”, disse Olivia em Veneza. (R.F.)