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Solo, peça de terror psicológico que ganhou concurso do CCBB, estreia hoje no Rio

Vinícius Arneiro/Divulgação -
No espetáculo de Fabrício Branco, um coveiro cria uma forte ligação com a terra
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“Acho que a escolha foi um milagre! A leitura aconteceu no dia de São Miguel Arcanjo, só pode ter sido interferência divina. Eu já tinha oferecido esse texto antes e foi recusado. Fiquei com ele na gaveta e inscrevi na Seleção sem nenhuma pretensão.” A surpresa é do dramaturgo Fabrício Branco, que ganhou a 8ª edição do concurso de dramaturgia Seleção Brasil em Cena do Centro Cultural Banco do Brasil com o texto “Solo”. O espetáculo começa a ser encenado hoje, às 19h30, no Teatro III do CCBB.

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No espetáculo de Fabrício Branco, um coveiro cria uma forte ligação com a terra (Foto: Vinícius Arneiro/Divulgação)

Na história, um coveiro solitário (Kadu Garcia) tem uma profunda devoção pela terra. Ele e outros personagens – Gorda (Aliny Ulbricht), Mendigo (Bárbara Abi-Rihan) e Pastor (Jansen Castellar) desfiam suas mazelas, percebendo que têm em comum o sentimento de “não pertencimento”: “O texto conta a história de um homem que descobre pela terra o único afeto possível. Enquanto ele narra sua trajetória, os outros personagens vão revelando suas falhas e se transformando para longe de uma conduta social esperada. Eles são humanos e falhos, o que os diferencia é que, por estarem sozinhos em seus pensamentos, não precisam esconder o que são e o que pensam de verdade. É nesse momento que todas as máscaras caem”, conta Fabrício, que começou a trajetória teatral como assistente de dramaturgia e direção com nomes como Walter Daguerre, Otávio Muller e Tuca Andrada. “Essas experiências me trouxeram não só um amadurecimento profissional, mas um crescimento como indivíduo. Trabalhar ao lado dessa galera e observar seu processo criativo vale mais do que qualquer formação de escrita em sala de aula!”, elogia.

Fabrício é autor de “Lá fora é pior”? E “Na parede da memória”, que foram montadas ano passado. “‘Lá fora é pior’ surgiu no meio de uma ocupação do Teatro dos Arcos em São Paulo. Foi minha primeira incursão pelo cenário paulista e nasceu como resultado de um Núcleo de Dramaturgia idealizado pelo Ian Soffredini e orientado pelo Fábio Brandi Torres. ‘Na parede da memória’ foi um convite do Paulo Merísio. Ele já tinha essa vontade de trabalhar as canções do Belchior no teatro e, depois de dois meses se reunindo com os atores, ele me chamou para criar a dramaturgia. Eu mergulhei tanto na obra do Belchior que, depois do processo, eu já não aguentava mais ouvir nada dele!”, brinca.

Com direção de Vinicius Arneiro, “Solo” carrega uma característica dos textos de Fabrício, que ele chama de “texto-cebola”:“Você começa achando que a história é uma coisa, mas vai descobrindo que trata-se de outra completamente diferente, só revelada no final. O ‘Solo’ tem uma narrativa sombria, misteriosa, uma espécie de terror psicológico”, explica o autor, que tem nova estreia agendada para o fim do primeiro semestre no Sesc Tijuca e um monólogo que está em fase de pesquisa para o segundo semestre.

Serviço

SOLO - CCBB/Teatro III (R. Primeiro de Março, 66 – Centro; Tel.: 3808-2020). Qua. a dom., às 19h30. R$ 30. Até 3/3.

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ccbb | peça | solo