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Combustível com aditivos à moda Spielberg: confira crítica de 'Bumblebee'

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Modelo de luxo de uma linha de filmes que arrancou nas pistas (com uma bilheteria total de US$ 4,3 bilhões), mas perdeu o fôlego pela diluição de seu humanismo, “Bumblebee” é uma “Sessão da tarde” à la anos 1980 deslocada no tempo, com uma indisfarçável inspiração em “E.T., o extraterrestre” (1982) e em todo o léxico do cinema de Spielberg.

Ok, Steven entra nesta aventura de finíssimo esmero fotográfico (mérito da câmera de Enrique Chediak, um parceiro habitual de Danny Boyle) como produtor executivo. Mas não se trata de autorreferência e sim de uma apaixonada homenagem concedida ao mestre da fantasia edificadora, prestada aqui pelo diretor do longa-metragem, o animador Travis Knight, conhecido pelo cult “Kubo e as cordas mágicas”, de 2016. Ele homenageia Spielberg, traz elementos da obra de John Carpenter (“Aventureiros do bairro proibido”) e presta um tributo apaixonado a John Hughes (1950-2009), o artesão por trás de comédias que mudaram a representação da juventude, como “Clube dos cinco” (1985), citado explicitamente em cena num gesto imitado pelo herói Bumblebee. Ele é o mais carismático dos Transformers, heróis maquínicos inspirados numa linha de desenhos animados de 1984, com base em brinquedos de sucesso.

Knight conta aqui a origem do robô em formato fusca, apostando mais na complexidade das peças humanas que o cercam do que em suas lutas – ainda que estas sejam narradas com uma pirotecnia que tem na adrenalina seu combustível. Seu motor de arranque é Hailee Steinfeld, a revelação do “Bravura indômita” dos irmãos Coen, lá de 2018, que chegou aos 22 anos no auge do carisma. Hailee é Charlie, adolescente cheia de crises (pela perda do pai) que adquire um estranho fusquinha sem saber de sua porção herói espacial. Mais do que uma trama sobre a batalha de Bumblebee para salvar a Terra dos aliens chamados Decepticons, esta encantadora narrativa juvenil é a cartografia de uma amizade, de carne e ferragens.

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BUMBLEBEE: *** (Bom)

Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom