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Cinema: Delícias do México sob as lentes de Saura

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Em plena atividade profissional, aos 86 anos, dedicando-se há quase duas décadas à estética documental, o espanhol Carlos Saura, realizador de marcos do cinema como “Mamãe faz 100 anos” (1979) e Cria corvos” (1976), vai voltar à ficção com um longa-metragem musical sobre o folclore mexicano. Já em produção, para ser rodado no início de 2019, o projeto se chama “El rey de todo el mundo” e vai misturar dança e encenação, tendo como protagonista o bailarino Isaac Hernández.

“Nunca fui um diretor conectado com contos de fadas, pois sempre preferi explorar o real, com toda sua complexidade, pautada pelo desejo. A fantasia que cabe nos filmes que faço é a transição entre o presente e o passado”, disse Saura ao JB, em recente entrevista na Espanha, às vésperas do Festival de San Sebastián, quando falou pela primeira vez sobre o longa que vai rodar em Gudalajara. “Nunca me afastei do apuro técnico típico da ficção mesmo nos tempos em que fiquei dedicado apenas a documentários: os meus sempre tiveram cenografia e uma engenharia fotográfica que buscasse requinte. A realidade comporta em si algo de fabular ao gerar memória: algo bem próximo da ilusão”.

Parte do processo começou quando o cineasta foi homenageado no Festival de Guadalajara, em março, aproveitando a viagem para estudar a cultura mexicana. Um de seus filmes mais festejados, “Antonieta” (1982), com Hanna Schygulla e Isabelle Adjani, foi parcialmente rodado no México. Agora, em “El rey de todo el mundo”, a ideia do cineasta é retratar 60 anos da vida de Guadalajara tendo canções populares como guia de uma narrativa com tintas de melodrama.

*Roteirista e crítico de cinema