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Artesãos autorais dos anos 2000 na caça ao Urso de Ouro

Festival de Berlim convoca talentos para disputar seu troféu dourado na seleção de 2019

Divulgação -
"Grâce à Dieu", novo longa de François Ozon
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Desafiado a se reinventar, dada sua fraquíssima seleção deste ano, o Festival de Berlim iniciou uma caça a joias autorais para sua 69ª edição, agendada de 7 a 17 de fevereiro, na capital da Alemanha, tendo a atriz francesa Juliette Binoche como presidenta de seu júri oficial, que conheceu ontem uma parcela (invejável, dado o rol de diretores escalados) dos concorrentes ao Urso de Ouro. Nomes de peso do cinema dos anos 2000 vão apresentar trabalhos inéditos no evento germânico, que costuma ter 20 longas-metragens em competição, anunciados aos poucos: “The kindness of strangers”, da dinamarquesa Lone Scherfig, primeiro a ser divulgado, será a atração de abertura, a ser exibida em concurso.

Na primeira leva, anunciada na quinta, entraram filmes novos do francês François Ozon e do teuto-turco Fatih Akin. Realizador de “8 mulheres” (2002), “O amante duplo” (2017) e outros sucessos de público, Ozon traz um drama sobre pedofilia na Igreja Católica em “Grâce à Dieu”, com Melvil Poupaud às voltas com uma vingança contra o sacerdote que abusou sexualmente dele quando menino. Já Akin, laureado por cults como “Contra a parede” (2004) e “Em pedaços” (2017), reconstitui o cotidiano de Hamburgo dos anos 1970 para revisitar a história de um psicopata.

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"Grâce à Dieu", novo longa de François Ozon (Foto: Divulgação)

Respeitada mundialmente por filmes como “The fatherless” (2011), a provocativa cineasta austríaca Marie Kreutzer vai disputar com Ozon e Akin com “The ground beneath my feet”. Já a Sérvia entra no páreo pelo Urso com uma coprodução com companhias germânicas chamada “I was at home, but”, da atriz e diretora alemã Angela Schanelec. Da Turquia chega “A tale of three sisters”, dirigido por Emin Alper. Queridinho da Berlinale, o canadense Denis Côté (de “Vic + Flo viram um urso (2013) regressa à disputa dos prêmios alemães com “Ghost Town Anthology”. Uma nova leva de concorrentes será anunciada até 20 de janeiro.

Foram divulgados ainda títulos das seleções paralelas, a Berlinale Special, exibidos hors-concours: o indiano “Gully boy”, da diretora Zoya Akhtar, sobre os rappers de Mumbai; “Brecht”, a biografia do poeta e dramaturgo alemão, pilotada por Heinrich Breloer como um projeto de minissérie para a TV; e “Watergate”, documentário do americano Charles Ferguson sobre os escândalos políticos do governo Nixon.

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"The golden globe", de Fatih Akin, recria a Hamburgo dos anos 1970 (Foto: Divulgação)

Há boatos de que “Amor divino”, do pernambucano Gabriel Mascaro, e “The pope”, rodado pelo paulistano Fernando Meirelles (com Anthony Hopkins e Jonathan Pryce), integre a briga pelo Urso, mas nada foi confirmado. Estima-se ainda a presença de diretores como Terrence Malick (com “Radegund”), Kiyoshi Kurosawa (com “To the ends of the Earth”) e Brian De Palma (com “Dominó”). Mais atrações, agora da mostra Panorama, serão anunciadas nesta sexta.

*Roteirista e crítico de cinema

Divulgação - "The golden globe", de Fatih Akin, recria a Hamburgo dos anos 1970