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A cruz da vida e da morte

Centro de visitantes do Corcovado recebe individual do português José Jorge sobre o símbolo maior do cristianismo

Homem Cardoso / Divulgação -
Artista usa montagem com carimbo de tipo
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O Centro de Visitantes das Paineiras, aos pés do monumento do Cristo Redentor, abriga a exposição “Cristo rei – Cristo Redentor e a cruz”, uma individual do artista plástico português José Jorge. “Tudo no universo gira sobre a simplicidade das coisas. E a cruz segue esse princípio. Um tema que traz consigo muitos significados. Tem a ver com a vida, com a morte. Tudo o que foi utilizado na cruz eu uso me meus trabalhos, o prego, o ferro, o tecido, a madeira. São materiais que tanto podem servir para construir como para destruir”, comenta o pintor, referindo-se ao principal símbolo do cristianismo, um dos pilares da própria civilização ocidental. A mostra será aberta hoje, às 18h, para convidados e poderá ser visitada pelo público a partir de amanhã, de 8h às 18h até 6 de março. Natural do Porto, o artista faz sua primeira individual no Brasil e num espaço privilegiado visto que o Cristo Redentor é um dos cartões postais do país. “Aprecio mais a ideia de expor meus trabalhos num lugar de grande visitação do que em galerias convencionais, pois é possível atingir um público muito mais amplo e diversificado. E este publico, acredita o artista, terá uma visão da cruz além do aspecto religioso. O processo para criação da mostra teve início em 2005 quando o artista expôs suas obras pela primeira vez. A exposição reúne 12 quadros em tinta acrílica e técnica mista sobre madeira. “Como faço uso de outros materiais, uma tela não suportaria o peso dos quadros”, explica o artista, que não comercializa suas obras. 

Do descobrimento ao café

Vindo de uma família de católicos praticantes, revela que esta é a primeira vez que faz uso de uma temática religiosa. “Tenho outros trabalhos que abordam os sonhos, o imaginário. Há uma série de máscaras pagãs, da região do nordeste trasmontano”. José Jorge sente-se orgulhoso por ser o primeiro artista a expor no Corcovado e decidiu doar ao Brasil um dos trabalhos que faz parte da exposição. Trata-se da tela “Deus é brasileiro”, que utiliza uma saca de café brasileiro sob o corpo de Cristo como se fosse um manto. “O Brasil é uma terra que adoro, pela qual guardo um carinho especial”, diz, acrescentando ter uma grande admiração pela obra de Di Cavalcanti. “Acho uma obra bastante interessante e inovadora para a época”, destaca.

A qualidade das obras e sucesso de crítica do trabalho de José Jorge motivou a Arquidiocese do Rio de Janeiro a trazer a exposição completa para o Brasil – os quadros estavam anteriormente expostos no Santuário Nacional de Cristo Rei em Lisboa, um monumento religioso inspirado na estátua de Cristo Redentor. Os dois foram geminados (considerados irmãos) há 10 anos e a exposição itinerante nos dois centros de peregrinação faz parte dessas comemorações.

“A história do Brasil está desde o início marcada pela presença da cruz. O primeiro nome do país foi Ilha de Vera Cruz, e depois Terra de Santa Cruz. Só depois veio o nome de Brasil. Após conhecer o trabalho do José Jorge, achamos de extrema importância apresentar para o publico brasileiro essas obras, em especial nesse momento em que os laços entre Brasil e Portugal estão mais ligados do que nunca,” destaca Carlos Boiça responsável pela produção da exposição no Brasil.

Após a temporada no Rio, a mostra será apresentada no Memorial da Devoção, em Aparecida do Norte (SP), e depois segue para o Museu de Arte Sacra, em São Paulo, e mais uma temporada em Portugal antes de seguir para o Vaticano.

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Serviço

CRISTO REI – CRISTO REDENTOR E A CRUZ

Centro de Visitantes Paineiras (Estrada das Paineiras, s/n – Tel: 2225-0401)

Diariamente, das 8h às 18h – Até 26/3 – R$ 25