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Nos acordes da saudade: confira crítica de 'Maria Callas - Em suas próprias palavras'

Divulgação -
Maria Callas, no documentário de Tom Volf, que traz imagens de arquivo e declarações
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Com vasta experiência em especiais de televisão, mas escolada nas manhas do cinema documental pela edição do ótimo “O Inferno de Henri-Georges Clouzot” (2009), a montadora Janice Jones é a responsável pelo que “Maria by Callas” tem de mais encantador: a cadência poética de saudades. Mais do que um retrato biográfico da voz que redefiniu a dimensão pop do canto lírico nos século XX, esta cartografia sensorial dos rastros da cantora grega (nascida nos EUA) Maria Callas (1923-1977) no imaginário midiático é uma reflexão sobre vaidade, fama e bipolaridade. É a montagem de Janice que ressalta a dimensão dialética da narrativa que o diretor Tom Volf constrói a partir de imagens de arquivo e de declarações feitas pela própria Maria (e pela tal Callas... a quem ela se refere na terceira pessoa). Sem didatismos, o filme de Volf assume uma dimensão informativa: é um filme capaz de reintroduzir esta ave canora aos fãs e de apresentá-la com riqueza factual aos que desconhecem seus feitos na música. E há um empenho de ir além das informações e fazer deste documentário um ensaio sobre sucesso e o peso que ele pode ter sobre uma subjetividade. A delicadeza de Volf na discussão sobre o que separa “pessoa” e “mito” humaniza esta investigação sobre o que significa ser a palavra “celebridade”.

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Maria Callas, no documentário de Tom Volf, que traz imagens de arquivo e declarações (Foto: Divulgação)

* Roteirista e crítico de cinema

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MARIA CALLAS - EM SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS: *** (Bom)

Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom