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Atores da Academia de Palhaços superam incêndio da Kombi-palco e ressurgem em espetáculo premiado

Divulgação -
Montagem, que já representou o Brasil em festivais no exterior, marca a volta do grupo após um ano parado
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Diante do rol de prêmios alcançados pelo espetáculo “Adeus, Palhaços Mortos” — entre eles o Shell de Melhor Cenário e o prêmio de Melhor Direção pela Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (Prêmio APTR) —, é impossível imaginar que a montagem tenha sido criada em cima das cinzas, literalmente. Em 2015, a kombi-palco usada pela trupe Academia de Palhaços, nascida no curso de Artes Cênicas da Unicamp, pegou fogo destruindo todo o material usado para encenar cinco peças itinerantes no interior de São Paulo. Baseada no texto “Um trabalhinho para velhos palhaços” do romeno Matei Visniec, adaptado e dirigido por José Roberto Jardim, a montagem estreia nesta sexta-feira, no Teatro Nelson Rodrigues, da Caixa Cultural Rio.

Macaque in the trees
Montagem, que já representou o Brasil em festivais no exterior, marca a volta do grupo após um ano parado (Foto: Divulgação)

“Só tínhamos feito duas apresentações de cada um dos cinco espetáculos. Conseguimos um programa de fomento ao teatro, então levávamos as peças às periferias. Era incrível, porque, além de ir onde o público estava, muita gente nos procurava para dizer que era a primeira peça que via, as ruas onde parávamos a Kombi também se transformava. O trânsito parava, as crianças brincavam. Foi apenas um mês, um dia estava chovendo, paramos para abastecer e seguimos quando ouvimos grito de “Fogo”. Conseguimos sair, mas perdemos tudo, um prejuízo de R$ 200 mil, em estrutura, cenário, figurino”, conta a atriz Laíza Dantas.

Dois dos cinco integrantes decidiram deixar o grupo e os atores entraram em um “ano sabático”. Até que ressurgiram na Missão Fênix, movidas pelo desejo de “ressuscitar” a Academia de Palhaços, desta vez, ao lado do diretor José Roberto Jardim, que trouxe o texto do dramaturgo romeno, naturalizado francês, Matei Visniec. A história narra o encontro de três grandes artistas circenses que se reencontram, já idosos, na antessala de uma agência de empregos, concorrendo a apenas um papel. Fantasmas, reflexões, segredos e histórias vêm à tona, levando a plateia a se emocionar com questões da Terceira Idade e do fim da vida.

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Peça reflete sobre a morte e a imortalidade que se alcança através da arte (Foto: Divulgação)

“Alguns artistas mais velhos saem do espetáculo aos prantos, ficamos preocupados. Uma delas nos escreveu: ‘Sou uma palhaça morta, mas que lindo’. Mesmo com um trabalho muito virtuoso, preciso, quando as luzes se acendem ninguém se mexe, fazemos uma partitura na escuridão, o espetáculo tem um conteúdo muito caloroso, humano, bonito”, conta Laíza, que se emocionou com a reação de colegas de teatro e do público, todos torcendo pela recuperação do grupo: “A atriz Maristela Barros nos escreveu: Não fica tentando entender por que aconteceu, mas veja quem são vocês a partir disso. Muita gente se compadeceu. Estávamos tentando entender quem éramos naquele momento quando vem esse texto com forte simbolismo. Tínhamos que fazer. Falar da morte quando estávamos renascendo”. Com prêmios na bagagem.

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SERVIÇO

Caixa Cultural Rio de Janeiro - Teatro Nelson Rodrigues (Av. República do Chile 230 - Centro; Tel.: 3509-9600)

Sex e sáb, às 19h, e dom, às 18h. R$ 40 (plateia) e R$30 (balcão).

Divulgação - Peça reflete sobre a morte e a imortalidade que se alcança através da arte