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Festival de Havana fica (bem) menor

Mesmo em formato reduzido, evento receberá astros; Brasil terá dois longas concorrendo na mostra competitiva

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O Festival de Cinema de Havana terá sua 40ª edição este mês, com um programa reduzido, mas tentando manter os preceitos originais. O evento se adaptou à nova realidade, menos filmes, menos cinemas, menos espectadores. “Se algo me anima a sentir que o Festival de Havana permanece vivo é justamente porque não é mais o mesmo. Alguns podem sentir nostalgia de tempos passados, mas o importante é marchar em sincronia com os anos”, explica Fernando Pérez, o mais importante cineasta cubano vivo.

Pérez, que venceu o Festival com “Hello Hemingway” (1990); “La vida es silbar” (1998) e “Suite Habana” (2003), participa na edição deste ano, que terá início amanhã e vai até o próximo dia 16, com “Insumisas”. “O festival cresceu muito, sobretudo no fim dos anos 1980, com a influência de Fidel Castro, a criação de uma Escola Internacional e a Fundação do Novo Cinema Latino-Americano, que era dirigida por Gabriel García Márquez”, explica o diretor do evento, Iván Giroud.

Quase 500 filmes eram exibidos na época nos 88 cinemas Havana e meio milhão de espectadores lotavam as salas. Mas a crise econômica dos anos 1990 e, depois, a era digital mudaram o panorama. Os cinemas de bairro desapareceram. Hoje, Havana tem 21 cinemas, poucos deles com tecnologia digital. Atualmente o festival dispõe apenas de oito salas de cinema em Havana e outras pequenas salas institucionais.

O número de espectadores também caiu: 4,4 milhões de cubanos foram ao cinema em 2012; em 2017 foram 2,3 milhões. “O festival tinha uma hiperprogramação para uma infraestrutura que era incapaz de sustentar”, explica Giroud, que destaca um reajuste para uma programação “mais coerente com a infraestrutura que temos”. Pouco mais de 300 filmes serão exibidos este ano.

Embora menor, o festival terá participantes ilustres: os americanos Matt Dillon, Michael Moore e Geraldine Chaplin, o porto-riquenho Benicio del Toro e o sérvio Emir Kusturica, que abrirá o evento com “Pepe, uma vida suprema”, documentário sobre o político e ex-presidente uruguaio José Mujica. “O Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano segue cumprindo exatamente os preceitos fundacionais”, garante Giroud.

Na disputa oficial de longas-metragens de ficção, o prêmio Coral, serão exibidos 20 filmes: cinco da Argentina, dois do Brasil - “Domingo”, de Clara Isabelle Linhart, Fellipe Gamarano Barbosa, e “Ferrugem”, de Alysson Silva Muritiba –, um do Chile, dois da Colômbia, três de Cuba, quatro do México, dois do Uruguai e um da Venezuela. Fora da competição, o evento terá uma exibição especial de “Roma”, do mexicano Alfonso Cuarón, o filme latino-americano mais importante do ano, segundo os críticos. O festival também terá exibições especiais dos americanos “The Sisters Brothers” e “Infiltrado na Klan”, além das produções francesas “Doubles vies” e “La dernière folie de Claire Darling”, entre outros.