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Festa do Livro da USP começa com grandes descontos

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O problema não é de agora, e não diz respeito apenas à atual crise das livrarias - mas há tempos as grandes redes preferem os lançamentos comerciais e de autores consagrados a ter um acervo variado que expresse a vasta produção editorial, e intelectual, brasileira. Por isso, feiras como a Festa do Livro da USP, que abre nesta quarta-feira, 28, sua 20.ª edição, ganham cada vez mais importância para o público e para as editoras e crescem a cada ano.

Bruno Tenan, diretor de marketing da Edusp, que organiza a feira, conta que ano após ano a lista de espera por um espaço no evento aumenta. Para esta edição, foi possível ampliar a estrutura por toda a extensão da rua em que ela é realizada na Cidade Universitária somando 4 mil m², e o número de participantes saltou de cerca de 190 para aproximadamente 250.

O aumento da procura não tem a ver diretamente com a crise das grandes livrarias, na opinião dele. A atual conjuntura entra, ele diz, como um ingrediente a mais em 2018, tornando a feira mais significativa para as editoras. "Mas é uma experiência totalmente diferente, tanto para as editoras como para o público, que tem chance de conhecer livros que muitas vezes não estão nas livrarias", ressalta. E de comprar com desconto de pelo menos 50% - uma obrigação contratual -, podendo chegar a 90%, aquele livro que está na lista há tempos.

"Vendemos uma cauda longa que não vendemos facilmente em livrarias. Notamos que o público seleciona a dedo o que quer e muitas vezes chega ao evento com a lista previamente escolhida", diz Judith de Almeida, gerente comercial do Grupo Autêntica. Além de seu catálogo acadêmico, o grupo mineiro vai levar uma seleção de obras de interesse geral pensando que o fato de a feira se estender até sábado, uma demanda antiga do mercado atendida este ano, pode atrair um público mais diversificado. A feira é realizada na USP, mas é aberta para todos. A expectativa dos organizadores é que passem por lá cerca de 70 mil pessoas - em 2017, o número ficou em 50 mil.

"Com um gasto bem menor em estrutura, o lucro proporcional ao de uma Bienal vai ser maior", aposta Raquel de Menezes, da Oficina de Raquel e presidente da Liga Brasileira de Editores, que promove, no Rio, a Primavera Literária, uma feira de editoras independentes.

E porque tem desconto, vende - e vende muito. A participação na Feira da USP representa, para algumas editoras de pequeno e médio porte, a folha de pagamento zerada no fim do ano.

Os grandes grupos editoriais também estão lá, e a concorrência - por isso e pelo maior número de participantes - assusta um pouco as independentes. Uma das novatas é a Record, que está em sua terceira feira. "Isso faz parte de uma estratégia de estar mais próximo do leitor, não apenas nos canais virtuais, mas também nos meios físicos", diz Sônia Jardim, presidente do grupo, que espera um aumento de 20% das vendas.

Gerson Ramos, diretor comercial da Planeta, diz que a importância das feiras universitárias transcende a simples oportunidade dada às editoras de realizarem vendas diretamente ao público. "Elas são uma oportunidade de o leitor encontrar os títulos que procura", diz. E sobre vender direto, aproveitar para fazer caixa e minimizar o impacto do calote da Cultura e da Saraiva, a Planeta tem uma postura diferente. "O ideal é que o livreiro seja o viabilizador do encontro do livro com o leitor, e cabe às editoras e às livrarias encontrarem as alternativas para que esse elo da cadeia não seja rompido", diz Ramos. O estande da editora será operado pela Livraria da Vila.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.