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Rosa Magalhães conta os bastidores do Pan e dos Jogos Olímpicos em livro

Divulgação -
Rosa Magalhães
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Uma das maiores campeãs da Avenida, a carnavalesca Rosa Magalhães deu ao mundo três aulas de cultura brasileira em um palco ainda mais nobre do que a Marquês de Sapucaí: o Maracanã. Para idealizar a abertura e o encerramento dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, e a cerimônia final das Olimpíadas, em 2016, a diretora de arte mergulhou nas festas brasileiras - do carnaval, onde se consagrou com oito títulos, ao Festival Folclórico de Parintins. O resultado emocionou o planeta e inspirou o livro “E vai rolar a festa...” (Ed. Nova Terra, 180 pg, R$80). O lançamento acontece hoje, a partir das 19h, no Restaurante La Fiorentina (Av. Atlântica, 458 A - Leme; Tel.: 2543-8395).

Macaque in the trees
Rosa Magalhães (Foto: Divulgação)

Os bastidores da produção, com suas dificuldades e vitórias, além de desenhos, plantas, croquis e fotos, estão na obra. A narrativa é escrita em primeira pessoa por Rosa, bem-humorada para contar todos os percalços enfrentados pela equipe e invisíveis para o público e a crítica, que aplaudiram a perfeição dos espetáculos.

“Eu já tinha feito eventos grandes (foi a responsável pelo desfile dos 50 anos do Brasil, em Salvador). O que não pode é se assustar. Aquelas projeções todas do encerramento (dos Jogos Olímpicos), por exemplo, ficaram prontas em dois meses. A primeira proposta não ficou boa. Não entendiam o que eu queria, não adiantava. Quando o Batman (Zavareze, artista visual) chegou, tudo deu certo rápido. É um ato de coragem. E tem que fazer milagre. O acabamento, por exemplo, precisa ser decente. Então, tudo deve ser reparado a tempo, depois dos ensaios. Fico de olho”, garante Rosa, que levou a equipe para uma viagem ao Amazonas a fim de construir as celebrações do Pan: “No começo, eu gosto de ter muitas ideias. É melhor ter demais e cortar do que poucas e se desesperar. Acabei levando o produtor americano a Parintins. Ele não tinha ideia do que era e ficou impressionado. A gente, a partir de papelão e cola, faz um trabalho monumental”, afirma, ela, que recebeu em 2008 o prêmio Emmy pelos figurinos utilizados na cerimônia de abertura.

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Rosa Magalhães entrou no Maracanã para a cerimônia final sem ensaio: "Tinha jogo" (Foto: Divulgação)

Entre os momentos mais tensos, ela destaca a entrada do carro alegórico do jacaré no Pan-Americano no gramado do estádio. “Tinha só um plástico em cima da grama, acharam que ia atolar. Levaram de madrugada, viram que ele andava. Foi ‘absolvido’ e eu fiz”, lembra Rosa. Também lembra o “Deus nos acuda” que foi a entrada da alegoria. No caminho, havia uma grade. Como um funcionário se recusou a retirar o obstáculo do caminho, Rosa pediu que sua equipe tirasse os parafusos. E escondesse. Outra tensão foi a cerimônia de encerramento das Olimpíadas, que não teve ensaio geral: “Havia jogo no estádio. Tinha um ‘x’ de esparadrapo, marcando o lugar dos componentes. Imagina, uma marquinha mínima, e ninguém ficou fora do lugar. Agora, imagina os profissionais entrando e vendo aquela plateia enorme e sem ensaio geral. Saiu tudo certo, foi miraculoso”.

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Rosa Magalhães ganhou o Emmy pelos figurinos do Pan (Foto: Divulgação)

Conhecida pelo perfeccionismo, Rosa é uma das maiores personalidades do Carnaval carioca. Professora de Cenografia e Indumentária na Escola de Belas Artes da UFRJ, faz parte da geração que revolucionou a festa, atuando na equipe dos mestres Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Já publicou dois livros “Fazendo Carnaval (Ed. Nova Aguilar), nos anos 1990; e “O inverso das origens”, ao lado de Maria Luiza Newlands (Ed. Nova Terra). Consagrada, ela se diverte ao se lembrar os “causos”: “Uma vez, um jurado decidiu me tirar ponto porque não gostou do oitavo carro. Mas que oitavo carro é esse, se eu fiz sete?! Acabou ficando por isso mesmo, não tinha tempo de debater”.

Divulgação - Rosa Magalhães entrou no Maracanã para a cerimônia final sem ensaio: "Tinha jogo"
Divulgação - Rosa Magalhães ganhou o Emmy pelos figurinos do Pan