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Encontro de gerações em tons de azul: Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela recebem Criolo

Bruno Kaiuca -
Criada em 1970, por iniciativa de Paulinho da Viola, a Velha Guarda é a legítima guardiã da tradição portelense
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Quando a Portela criou sua Velha Guarda, em 1970, Monarco era o mais novo de seus integrantes. Hoje, aos 85 anos, é o último remanescente do lendário grupo que participou do LP “Portela passado de glórias”. “A ideia partiu do Paulinho da Viola. Ele queria preservar aqueles belos sambas de nossos compositores mais antigos”, conta o compositor. No ano em que a azul e branco de Osvaldo Cruz completa 95 anos, a Velha Guarda e seu padrinho apresentam hoje, na Fundição Progresso, os tesouros de seu baú e trazem como convidado o rapper paulista Criolo.

Dirigido por Elifas Andreato, artista gráfico que assina algumas das mais belas capas de discos da MPB, o espetáculo “A noite veste azul” mescla clássicos de Paulinho da Viola e sambas de velhos mestres como Heitor dos Prazeres, Aniceto, Candeia, Manacéia e próprio Monarco.

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Criada em 1970, por iniciativa de Paulinho da Viola, a Velha Guarda é a legítima guardiã da tradição portelense (Foto: Bruno Kaiuca)

“O produtor João Araújo tinha assumido a direção artística da RGE me pediu sugestão de projetos. Tive a ideia de reunir os membros antigos da ala de compositores, que se reunia aos domingos na Portelinha (a anitiga sede) para resgatar esses sambas, muitos deles que haviam feito algum sucesso nos anos 1940. Fiz sozinho uma pesquisa de material e gravamos tudo em quatro dias. A repercussão foi ótima, surgiram muitos convites para shows, sobretudo no circuito universitário. E assim surgiu o conjunto, que fez apresentações em várias cidades”, conta Paulinho da Viola, que não cantava ou tocava com os velhos bambas. “Eu só apresentava o grupo”, lembra.

Sambas como “Quantas lágrimas”, “Desengano” e “Vaidade de um sambista” ganharam várias regravações. Com o passar do tempo e a morte de boa parte dos sambistas, o grupo se mantém como uma espécie de Academia de Letras. A cada baixa, um novo membro é indicado. Há casos de garotos na Velha Guarda, como o ritmista Camarão, de 26 anos, que, aos 21, entrou na vaga de Timbira, de quem foi aluno. “Na condição de mais velho, o Monarco zela pelas tradições. Num dia que eu vim de tênis branco, levei uma bronca. ‘O nosso uniforme é o nosso fardão’, reclamou. Nunca mais eu vacilei”, diz o mais jovem sambista da Velha Guarda.

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O rapper Criolo é o convidado especial de Paulinho (Foto: Reprodução)

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SERVIÇO

Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela recebem Criolo

Fundição Progresso (Rua dos Arcos, 24 – Lapa – Tel: 3212-0800).

14/11 – 22h Ingressos: www.eventim.com.br - Pista: R$ 120 e R$ 60 (meia e ingresso solidário) e frisa: R$ 300 e R$ 150 (meia e ingresso solidário)

Reprodução - O rapper Criolo é o convidado especial de Paulinho