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ENTREVISTA - Crystal Moselle, diretora: Retrato de uma geração

Bruno Kaiuca -
Crystal Moselle
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A cineasta Crystal Moselle (“The Wolfpack”) está com seu novo filme, “Skate Kitchen”, em exibição no Festival do Rio. O longa, com produção do brasileiro Rodrigo Teixeira (“Me chame pelo seu nome”), aborda um grupo de garotas skatistas buscando espaço em um universo masculino. A diretora encontrou o tom certo para fazer esse retrato da adolescência da geração millenial. Na entrevista a seguir, Crystal fala sobre como conheceu o coletivo Skate Kitchen e como adaptou para a tela a vivência dessas jovens.

Macaque in the trees
Crystal Moselle (Foto: Bruno Kaiuca)

JORNAL DO BRASIL: Como surgiu a ideia desse projeto?

CRYSTAL MOSELLE: Eu conheci as skatistas no trem, achei elas bem interessantes e carismáticas. Comecei a conversar com elas sobre suas experiências, a ideia veio da vida real.

Você trabalhou inicialmente com elas em um curta sobre skatistas de Nova York para a grife Miu Miu?

Sim, eu tive a oportunidade através dessa marca e então parti para um longa.

Como foi retratar a geração millenial e as redes sociais?

O Instagram é uma rede social que ajuda muitas dessas meninas a se conectarem. No Brasil, tem quem se inspira pelas garotas desse filme. Quanto às redes sociais, acho muito positivo pelo fato de você encontrar pessoas com o mesmo perfil, mas podem ser negativas por você não estar vivendo um momento, por você não estar presente, estar conectado com o que outra pessoa está fazendo e as emoções dela.

Skate Kitchen parece ser um filme sobre um rito de passagem, mas ele tem outras camadas, como sobre estar junto, ter sua tribo. Qual foi sua inspiração?

Existe um filme polonês chamado “All these sleepless nights” que é sobre um grupo de amigos que anda juntos. É um documentário/longa ficcional e quando eu assisti, percebi que quebrava todas as regras e foi inspirador. Eu acho que “Skate Kitchen” é um filme sobre mulheres entrando no mundo masculino.

Sobre este assunto, como é o desafio de ser uma diretora?

Não é difícil para mim estar no set, o que incomoda é quando me tratam com falsas gentilezas e não me levam a sério por ser uma diretora ao invés de um diretor. Então, você tem que ir trilhando o seu caminho.

Houve muita improvisação no filme?

Não tem tanta quanto você poderia pensar. A maior parte das cenas vieram de conversas que tivemos e depois eu escrevi. Isso passa uma realidade e autenticidade.

A trilha sonora é importante para o coletivo Skate Kitchen, como foi o processo para o longa?

A trilha sonora foi feita pela Aska Matsumiya, uma compositora incrivelmente talentosa. A música no filme é toda inspirada pelas garotas, pelo seu gosto musical e as coisas que elas que elas gostam.

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SESSÕES

Hoje, às 19h30, Cinemateca do Museu de Arte Moderna

Amanhã, às 14h, Estação NET Rio