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João Bosco e Hamilton de Holanda na Caixa Cultural

Divulgação -
João Bosco e Hamilton de Holanda apresentam "Eu dou pro samba" em inédita versão duo
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Na tradicional linha de passe cada participante dá um toque de primeira e devolve para o colega antes de chutar a gol. Entrosamento faz parte da brincadeira e o resultado costuma ser aquele gol de placa. Que o digam o cantor e compositor João Bosco e o bandolinista Hamilton de Holanda, que apresentam de hoje a domingo na Caixa Cultural, no Centro, o espetáculo “Eu dou pro samba”. A diferença de 30 anos entre os dois não faz a menor diferença no palco e mesmo fora deles. “A minha relação extramusical com o João é maravilhosa. A gente tem altas conversas sobre tudo da vida, sobre família, sobre política, sobre viagens, sobre futebol…”, revela o flamenguista, de 42 anos.

“Mas no show o que crava a gente junto é a maquininha de ritmo. A mão direita do João é muito especial e eu entro na onda dele. O encaixe é perfeito na parte rítmica, no balanço, no suingue, o que faz a gente não desgrudar do começo ao fim da apresentação”, brinca. A versão do espetáculo em duo, sem acompanhamento, difere da da apresentada há dois anos no Mimo Festival. Esta tabelinha mais intimista foi apresentada este ano em Montreux (Suíça), Londres e Paris e em algumas cidades brasileiras, mas ainda não havia chegado ao Rio.

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João Bosco e Hamilton de Holanda apresentam "Eu dou pro samba" em inédita versão duo (Foto: Divulgação)

O repertório é composto por canções do parceiro de palco, além de criações de Dorival Caymmi (“Milagre” e “Vatapá”), Milton Nascimento (“Tarde”), Tom Jobim e Paulinho da Viola, entre outros, com destaque para um arranjo que promove um encontro musical dos dois últimos. “Juntamos ‘Tudo se transformou’ com ‘Chega de saudade’, um momento muito especial do show”, adianta o músico, acrescentando que há um repertório básico de 15 a 20 canções mas que recebe uma outra novidade. “A cada passagem de som, o João vai lembrando uma música que acabamos acrescentando. Aconteceu com ‘Tiro de misericórdia’ que ele acabou de me ensinar e estamos tocando de vez em quando”, diz o virtuose.

Para Hamilton, que acaba de lançar um box com a obra de Jacob do Bandolim, dividir o palco com João Bosco faz dele um privilegiado. “Eu fico quase de plateia porque ele está cantando cada vez melhor... e vê-lo tocar: o violão que ele faz cria um cenário mágico. É claro que estou ali também, mas confesso que fico muito de expectador”, exagera e passa a bola para o autor de “Linha de passe” e outros clássicos da música brasileira como “O bêbado e a equilibrista” e a magnífica “Corsário”.

O compositor recebe o carinho de Hamilton, mata no peito e devolve de trivela. “O Hamilton é um músico de extraordinários recursos. Intérprete de gêneros diversos, faz isso com uma competência peculiar. Ele vem do choro, uma escola rica melódica e harmonicamente, o que o faz ser instrumentista extremamente criativo, que foge da repetição, até porque, assim como eu, tem no improviso uma possibilidade a mais”, comenta. Dividir o palco com o Hamilton nesse show, para mim, é um privilégio”, arremata.

Nascido e criado no choro, o bandolinista afirma sentir-se estimulado a cada apresentação. “O João é um representante legítimo dessa geração que mudou a música brasileira, que absorve todos os ritmos, e, para mim, é desafiador encontrar um lugar em que o bandolim possa conversar nesse nível de liberdade”, comemora.

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SERVIÇO

JOÃO BOSCO E HAMILTON DE HOLANDA – EU VOU PRO SAMBA –Caixa Cultural (Av. República do Chile, 230 – Tel: 3509-9600). Sex. e sáb., às 19h, e dom., às 18h – Platéia: R$ 40 e R$ 20 - balcão: R$ 30 e R$ 15.