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Espetáculo de ação crítico: confira a crítica de 'O Doutrinador'

Divulgação -
O Doutrinador evoca personagens da DC e Marvel
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Espetáculo pop como há tempos não se via na América Latina, “O Doutrinador” é o maior acerto do cinema brasileiro em duas frentes: 1) a transposição de quadrinhos nacionais para as telas; 2) a consolidação de uma estética local sólida no diálogo com a cartilha universal dos filmes de ação. A trama é simples: agente classe A de uma força policial de elite, Miguel Montesanti (vivido com maestria por Kiko Pissolato) se vê nas raias do inferno ao perder sua filha, morta em um hospital público sem recursos, e resolve que é hora de fazer os corruptos sangrarem, assim como a menina sangrou. O heroísmo não tem lugar em seus atos: só o desespero, desenhado na tela em meio a sequências de ação exuberantes, mas que não diluem o tônus reflexivo do roteiro, em especial quando Eduardo Moscovis está em cena como bandido de colarinho branco.

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O Doutrinador evoca personagens da DC e Marvel (Foto: Divulgação)

A partir do anti-herói das HQs criado por Luciano Cunha, o cineasta Gustavo Bonafé cria uma trágica (e tecnicamente exuberante) alegoria sobre o alarmismo de nossa sociedade, diante da ilegalidade. Não há fins que justifiquem os meios do mascarado, mas sua opção em matar ganha, na telona, uma dimensão crítica de debate sobre desgovernos e crises simbólicas. Estamos diante de uma radiografia moral de um Brasil fictício, ainda que bem parecido com o do mundo real, onde não se falam em partidos, nem em políticos de Brasília. A vilã aqui é a corrupção em si, retratada como deformação da genealogia da moral brasileira.

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O Doutrinador: **** (Muito Bom)

Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom