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Símbolo da Première Brasil, o troféu Redentor sintetiza a importância do Festival do Rio que abre hoje com a projeção de As viúvas

Divulgação -
"A queda do império americano"
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Mais um Festival do Rio entra em campo esta noite, a partir das 20h, no Odeon, com a projeção do thriller “As viúvas”, do cineasta britânico Steve McQueen (de “12 anos de escravidão”), fazendo valer a força de uma grife nacional que começou em 1999, transformando esta cidade em um epicentro de estreias e debates acerca das novas e mais ousadas veredas abertas pelo cinema mundial. Um de seus símbolos é um troféu, o Redentor, no formato da estátua do Cristo – que segue abençoando seus realizadores. Inicialmente, o festival costumava ser em setembro, passou os últimos três anos em outubro e, por pouco, não foi adiado, por falta de patrocinadores. Mas, com apertos aqui e ali, o evento – um dos mais tradicionais do país – enfim sai do papel, mobilizando 20 telas (o Reserva Cultural, em Niterói, entrou nesse bonde) e 200 títulos, entre curtas e longas-metragens de 60 países. Vai até o dia 11, tendo “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues, como atração final. A abertura, mais tarde, vai ser à inglesa, com o “filme de assalto” do aclamado videoartista e cineasta que nos deu cults como “Shame” (2011) e “Hunger” (2008). E Viola Davis é quem lidera o elenco.

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Viola Davis está no elenco de "As viúvas", que abre hoje o festival (Foto: Divulgação)

Previsto para estrear nacionalmente no próximo dia 29, “As viúvas” é uma adaptação do romance homônimo de Lynda la Plante, já lançado aqui pela editora Intrínseca, no qual quatro mulheres se unem para terminar um golpe iniciado por seus finados amores. Veronica (Viola Davis), Alice (Elizabeth Debicki), Linda (Michelle Rodriguez) e Belle (Cynthia Erivo) decidem honrar a memória de seus mortos envolvendo-se em um crime. Robert Duvall e Colin Farrell completam o time de estrelas do longa-metragem, elogiado em sua projeção nos festivais de Toronto e de Londres.

De sexta até o dia 11, a maratona cinéfila segue a todo vapor, oferecendo ao público carioca a chance de conferir, em primeira mão, potenciais concorrentes ao Oscar, como o explosivo “Infiltrado na Klan”, que marca a volta de Spike Lee; “O peso do passado”, policial que desconstrói a imagem de Nicole Kidman; “Sem rastros”, de Debra Granik; “Se a Rua Beale falasse”, de Barry Jenkins, o realizador de “Moonlight” (2016); e “Pássaros de verão”, de Cristina Gallego e Ciro Guerra, ensaio metafísico sobre o tráfico de drogas na Colômbia. O ganhador do Urso de Ouro Berlim e da Palma de Ouro de Cannes já estão garantidos: “Não me toque”, de Adina Pintilie, e “Assunto de família”, de Hirokazu Koreeda. Não faltam também documentários sobre o estado de coisas destes tempos de intolerância global, como “O que você irá fazer quando o mundo estiver em chamas”, do italiano Roberto Minervini, ou “Seu rosto”, do taiwanês Tsai Ming-Liang, ambos badalados no Festival de Veneza.

Estreias brasileiras? Este ano, a Première Brasil, menina dos olhos do Festival do Rio, vem com mais de 80 produções, desde curtas como “O órfão”, de Carolina Markowicz (premiado em Cannes com a Queer Palm) até longas que flertam com cartilhas de gênero, como “Mormaço”, de Marina Meliande, uma das produções nacionais mais elogiadas no Festival de Roterdã, com ecos fantásticos em seu olhar sobre as remoções prediais no Rio de Janeiro.

As apostas da programação

Os críticos do JORNAL DO BRASIL indicam os melhores filmes que serão exibidos durante o Festival do Rio

ANA CAROLINA GARCIA

“A pé ele não vai longe”, de Gus Van Sant - Exibido na última edição do Festival de Berlim, o filme é estrelado por Joaquin Phoenix, um dos atores mais versáteis do cinema contemporâneo. Dia 2, às 19h10, Estação NET Rio 3

“Vida selvagem”, de Paul Dano - Estreia de Paul Dano na direção, este drama é uma das promessas da próxima temporada de premiações nos Estados Unidos. Dia 2, às 14h45 e 18h50, Estação NET Gávea 4

“Infiltrado na Klan”, de Spike Lee - Destaque no Festival de Cannes e outra promessa da temporada de premiações, chama a atenção por contar a história real de um policial negro que se infiltrou na Ku Klux Klan. Dia 9, às 16h, Estação NET Ipanema

“3 faces”, de Jafar Panahi - Mais um destaque de Cannes, a produção mergulha na cultura iraniana para contar a história de uma jovem impedida de estudar. Dia 7, às 17h10, Estação NET Botafogo 1

“Guerra fria”, de Pawel Pawlikowski - O drama ambientado nos anos 1950 marca a volta do diretor Pawlikowski, que tem em seu currículo o oscarizado “Ida”. Dia 3, às 17h10, Estação NET Botafogo 1

“Peterloo”, de Mike Leigh - Ambientado em 1819, recria o Massacre de Manchester (Inglaterra), que teve 15 mortos e centenas de feridos. Dia 7, às 16h, Estação NET Gávea 5

“White boy Rick”, de Yann Demange - Inspirado na história real de um adolescente que se tornou informante do FBI e foi condenado à prisão perpétua por tráfico. Dia 8, às 16h15, Kinoplex São Luiz 2

“Vidas duplas”, de Olivier Assayas - O filme fala do impacto da revolução digital na vida de profissionais do mercado editorial, abordando, ainda, as emoções oriundas da crise de meia idade. Dia 9, às 17h10, Estação NET Botafogo 1

“Cafarnaum”, de Nadine Labaki - Por mostrar a miséria e o casamento forçado sob a ótica de um menino que, revoltado, abandona a família e passa a viver nas ruas. Dia 2, às 21h15, Kinoplex São Luiz 2

RUDNEY FLORES

“Deslembro”, de Flavia Castro - A anistia é retratada sob o olhar de uma adolescente, com rara delicadeza e afetividade. Dia 2, às 21h40, Estação NET Gávea 3

“Culpa”, de Gustav Möller - Tendo praticamente como cenário apenas uma sala, o filme apresenta um roteiro surpreendente, que revela inúmeras tensões e reviravoltas. Sáb,, às 13h30, Estação NET Botafogo 1

“Sequestro relâmpago”, de Tata Amaral. A diretora destaca a sempre atual temática da violência urbana e as tensões sociais consequentes dela. Dia 7, às 19h30, Cine Odeon NET Claro

“Verão”, de Kirill Serebrennikov. Com elegante fotografia em preto branco e passagens não-realistas, lembra uma época em que o rock ainda era subversivo. Dia 6, às 15h, Estação NET Botafogo 1

TONY TRAMELL

“Skate kitchen”, de Crystal Moselle – A diretora vem para o Festival, tem produtor brasileiro, foi exibido em Sundance e vem bem no circuito de festivais. Dia 4, às 16h, Estação Net Gávea 2

“A geração da riqueza”, de Lauren Greenfield – Documentário que investiga as patologias que criaram a sociedade mais rica já vista. Dia 3, às 16h, Estação Net Gávea 1

“Palace II - 3 quartos com vista para o mar”, de Rafael Machado – Documentário sobre a tragédia do Palace II, que desabou há 20 anos. Dia 8, às 21h, Estação Net Rio 3

“No portal da eternidade”, de Julian Schnabel. Biografia do pintor Vincent Van Gogh do prestigiado diretor de “Antes do Anoitecer” e “Basquiat”. Dia 8, às 13h45, Kinoplex São Luiz 2

“O favorito”, de Jason Reitman – Diretor talentoso, filme baseado numa história real de um político americano e com potencial para Oscar. Dia 6, às 19h20, Estação Net Ipanema 1

“Vidas duplas”, de Olivier Assaya. Melhor filme em Veneza. Diretor consagrado. Exibição hors concours no Festival de Toronto. Dia 5, às 21h30, Cine Odeon

“A queda do império americano”, de Denys Arcand. Continuação da trilogia do diretor iniciada com “O Declínio do Império Americano (1986)” e seguida por “As Invasões Bárbaras (2003)” Dia 2, às 13h45 e 18h45, Kinoplex São Luiz 2

“Amanda”, de Mikhaël Hers - Melhor filme no Festival de Veneza, na premiação Venice Horizon. Dia 4, às 21h, Estação Net Rio 3

“O mau exemplo de Cameron Post”, de Desiree Akhavan. – Melhor filme em Sundance, baseado em um livro LGBT sobre uma cura gay. Dia 2, às 17h15, Estação Net Rio 4

“Vida selvagem” – Estreia na direção do ator Paul Dano. Drama exibido em Cannes e diversos festivais, com Jake Gylenhall e Carey Mulligan como protagonistas. Dia 3, às 21h, Reserva Cultural Niterói 1

“Infiltrado na Klan”, de Spike Lee - Baseado na história real de um policial negro que infiltra na KKK. Apesar do tom de comédia, é um soco no estômago. Dia 6, às 21h30, Cine Odeon

“Operação Overlord” – Filme de horror, durante a II Guerra, que era para fazer parte da franquia Cloverfield de J. J. Abrams. Dia 5, às 21h15, Estação Net Gávea 4

ANA RODRIGUES

“Se a rua Beale falasse”, de Barry Jenkins – Uma mulher tenta provar que seu noivo é inocente. Mais uma potência narrativa com excelência no uso da cor. Dia 5, às 19h, Reserva Cultural Niterói 1

“Guerra Fria”, de Pawel Pawlikowski – Retrato poético e particular de um casal em meio ao drama pós-Segunda Guerra. Prêmio de melhor diretor em Cannes. Dia 2, às 21h, Estação Net Gávea 4

“A sombra do pai”, de Gabriela Amaral Almeida – Terror amplificado por referências e simbologias com o brilho da diretora de “O animal cordial”. Dia 8, às 19h, Estação Net Gávea 5

“Amor até as cinzas”, de Jia Zhangke – A excelência visual em mais uma obra íntima, mas de proporções épicas, do maior cineasta chinês contemporâneo. Dia 4, às 21h15, Estação Net Ipanema 1

“3 faces”, de Jafar Panahi – Através de três gerações de mulheres, o cineasta iraniano exibe a misoginia e seus aspectos perturbadores. Dia 4, às 21h30, Estação Net Ipanema 2

“Morto não fala”, de Dennison Ramalho – Mais um representante do efervescente terror brasileiro. Mergulho sangrento na paranormalidade com rigor estético. Dia 5, às 21h40, Estação Net Gávea 3

“Vidas duplas”, de Olivier Assayas – A parceria com Juliette Binoche volta após a obra máxima “Acima das nuvens”. Dessa vez, o foco é a crise na criação literária. Dia 9, às 17h10, Estação Net Botafogo 1

“A quietude” , de Pablo Trapero – O espelhamento de duas irmãs no contexto da ditadura argentina. Trapero mergulha o drama intimista na proporção histórica. Dia 3, às 21h30, Estação Net Ipanema 1

“A queda do império americano”, de Denys Arcand – o mestre de “O declínio do império americano” e “As invasões bárbaras” está de volta cheio de ironia ao capitalismo. Dia 2, às 13h45, Kinoplex São Luiz 2

“Os olhos de Orson Welles”, de Mark Cousins – Um mergulho no universo visual do atualíssimo mestre do cinema através de seus desenhos e pinturas. Dia 6, às 19h15, Estação Net Rio 5

FRANK CARBONE

“Amor até as Cinzas”, de Jia Zhang-Ke - Um dos melhores diretores orientais da atualidade volta a investigar a passagem do tempo e os rumos da sociedade. Dia 4, às 21h15, Estação NET Ipanema

“Chuva é cantoria na Aldeia dos Mortos”, de João Salaviza & Renee Nader Messora - Vindo de Cannes, essa espiritual viagem indígena é uma ousada aposta da Premiere Brasil. Dia 3, às 19h, Estação NET Gávea 1

“Faca no coração”, de Yann Gonzalez - Uma extravagância francesa que transforma Vanessa Paradis numa cineasta pornô. Dia 8, às 14h, Estação NET Ipanema

“No portal da eternidade”, de Julian Schnabel - O artista por trás de’ O Escafandro e a Botboleta’ trás Van Gogh de volta na pele de um espetacular Willem Dafoe. Dia 7, às 21h, Reserva Cultural Niterói

“O peso do passado”, de Karyn Kusama - Nicole Kidman chega ao fundo do poço como uma policial cheia de cicatrizes emocionais. Dia 2, às 19h, Cine Odeon

“Rogéria: Senhor Astolfo Barroso Pinto”, de Pedro Gui - A história de um dos mitos da história LGBTQI+ do país a partir de sua própria inspiração. Dia 3, às 18h, Estação NET Gávea

“Se a Rua Beale falasse”, de Barry Jenkins - Adaptação do romance de James Baldwin sobre um casal vivendo na zona da intolerância durante os anos 1970. Dia 4, às 21h30, Cine Odeon

“Seu rosto”, de Tsai Ming-Liang - Outro gênio do Oriente volta a ativa com um documentário onde cada personagem tem seu semblante investigado com o rigor típico do autor. Dia 9, às 15h50, Estação NET Rio

“Um elefante sentado quieto”, de Hu Bo - Sensação em Berlim, o cineasta Bo escreveu seu epitáfio sensível antes da despedida - e a humanidade se faz presente. Dia 3, às 18h, Instituto Moreira Salles

“Vox Lux”, de Brady Corbet - Natalie Portman é uma estrela pop perturbada com um passado trágico. Dia 8, às 21h30, Cine Odeon

RODRIGO FONSECA

“Praça pública”, de Agnès Jaoui - Dona de um humor ferino, a realizadora acompanha a vexatória execução moral de um apresentador de TV. Dia 2, às 19h15, Estação Ipanema

“Correndo atrás”, de Jeferson De - Ailton Graça é um batalhador profissional que vislumbra uma chance de mudar de vida treinando um craque de futebol. Dia 6, 20h45, Roxy 1

“O quebra-cabeça”, de Marc Turtletaub - Agnes, uma mulher oprimida pela proteção paterna e pelo casamento, se abre para a vida ao ganhar um quebra-cabeça. Dia 2, às 14h, Kinoplex São Luiz

“A rainha do medo”, de Valeria Bertuccelli e Fabiana Tiscornia - Uma estrela surta às vésperas de subir aos palcos com um monólogo. Prêmio Especial do Júri em Sundance. Dia 3, 19h10, Estação Ipanema

“White boy Rick”, de Yann Demange: O cineasta francês narra a história (real) de um adolescente que se tornou informante do FBI, aos 16 anos. Dia 08/11, às 16:15, Kinoplex São Luiz

“As filha do fogo”, de Alertina Carri - Cercado de controvérsias, o longa mostra a viagem de um trio de mulheres que debatem poliamor, monogamia, sexismo e solidão. Dia 6, 13h45, Estação Ipanema

“Cano Serrado”, de Erik de Castro - O realizador volta ao filão policial a fim de dissecar a ciranda de traições, apostando numa trama de vingança. Dia 7, 21h30, Estação Botafogo

“Raiva”, de Sérgio Tréfaut - Esta trama de mistério usa o romance “Seara de vento”, de Manuel da Fonseca, para recriar o tom desesperançado do Alentejo dos anos 1950. Dia 2, Estação Ipanema, às 15h30

“Vírus tropical”, de santiago Caicedo - Baseados na HQ sobre uma menina que cresce em Quito, no Equador, em meio ao caos afetivo depois que o pai abandona sua família. Dia 8, 13h45, Estação Botafogo

“Hal Ashby”, de Amy Scott - Documentário sobre William Hal Ashby (1929-1988), realizador de “Ensina-me a viver” (1971) e “Muito além do jardim” (1979). Dia 9, 18h, Instituto Moreira Salles.