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BBC elege os 100 melhores filmes estrangeiros

"Cidade de Deus" é a única produção brasileira listada pela emissora que ouviu 209 jurados de 43 países

Reprodução -
Alexandre Rodrigues vive Buscapé, protagonista do filme que traça um retrato da exclusão à brasileira
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Numa das favelas mais violentas do mundo, o jovem Buscapé busca na fotografia uma alternativa para que sua vida resvale para fora da lógica que se apresentava definida praticamente desde o seu nascimento - o crime organizado. Assim é “Cidade de Deus”. Lançado em 2002, o longa-metragem de Fernando Meirelles e Kátia Lund acaba de ser indicado como um dos cem melhores filmes estrangeiros numa relação publicada ontem pela emissora britânica BBC, figurando na 42ª colocação.

O primeiro lugar ficou para o clássico japonês, “Os sete samurais”, de Akira Kurosawa, uma releitura do clássico “Sete homens e um destino” ambientada no Japão medieveal tão bem retratado pelo aclamado cineasta. O velho mestre ainda emplacou “Rashomon” (4ª posição), “Viver” (72ª posição) e “Ran” (79ª posição) na relação. “A BBC há tempos vem fazendo essas enquetes que ora valorizam cinema de gênero, ora valorizam a diversidade cultural da produção audiovisual, como é o caso desta aposta em títulos de língua estrangeira, na qual o Japão samurai de Kurosawa saiu soberano. Sinto que a efeméride da morte dele - 20 anos - pode ter pesado na citação de seu nome. Mas sua releitura para o filão épico é sempre uma centelha de encatamento para quem se debruça sobre a potência estética da imagem”, observa Rodrigo Fonseca, roteirista e crítico do JORNAL DO BRASIL, um dos 209 profisssionais de 43 países consultados pela BBC.

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Alexandre Rodrigues vive Buscapé, protagonista do filme que traça um retrato da exclusão à brasileira (Foto: Reprodução)

Para Fonseca, é recompensador encontrar outros cineastas orientais na lista. “O Oriente vem impactando a sensibilidade cinéfila, seja no barroquismo de um Wong Kar-wai, seja na fábula de Miyazaki ou no intimismo de Zhang Yimou”, analisa.

Vencedor do Prêmio BAFTA de Melhor Montagem, detententor de quatro indicações para o Oscar de 2004 (Diretor, Fotografia, Montagem e Roteiro Adaptado) e uma para o Globo de Ouro (Filme Estrangeiro), “Cidade de Deus” revelou, além de uma nova linguagem na cinematografia brasileira, uma geração de jovens atores, muitos vindos de cotidianos como o vivido na munidade retratada na filme. Um deles é Jonathan Haagensen, que no filme vivia Cabeleira, amigo de infância do protagonista Buscapé. “Salve o cinema brasileiro! Fico feliz de ver uma produção nacional que promove reflexão que agrega a cultura do nosso país chegar nesse lugar no mundo”, comemora o ator, nascido no Vidigal e revelado pelo grupo teatral Nós do Morro, cuja participação no filme acabou alavancando sua carreira.

“Fenômeno de público em solo inglês, ‘Cidade de Deus’ simbolizou para o mundo, por quase uma década e meia, um retrato íntimo da exclusão pela violência institucionalizada na América Latina. Hoje, com a mudança na estrutura política de muitos desses governos, inclusive no Brasil, a questão sociológica chama menos a atenção dos gringos do que o virtuosismo da direção de Fernando Meirelles e da câmera de César Charlone na construção de uma narrativa claustrofóbica, que se chamou favela movie e que influnciou vários outros cineastas”, avalia Fonseca.

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100. “Topio stin omichli” (Theo Angelopoulos, 1988)

99. “Cinzas e diamantes” (Andrzej Wajda, 1958)

98. “In the heat of the sun” (Jiang Wen, 1994)

97.”Gosto de cereja” (Abbas Kiarostami, 1997)

96. “Shoah” (Claude Lanzmann, 1985)

95. “Nuvens flutuantes” (Mikio Naruse, 1955)

94. “Onde fica a casa do meu amigo?” (Abbas Kiarostami, 1987)

93. “Lanternas vermelhas” (Zhang Yimou, 1991)

92. ‘Cenas de um casamento” (Ingmar Bergman, 1973)

91. “Rififi” (Jules Dassin, 1955)

90. “Hiroshima, meu amor” (Alain Resnais, 1959)

89. “Morangos silvestres” (Ingmar Bergman, 1957)

88. “Crisântemos tardios” (Kenji Mizoguchi, 1939)

87. “Noites de Cabíria” (Federico Fellini, 1957)

86. “La jetée” (Chris Marker, 1962)

85. “Umberto D” (Vittorio de Sica, 1952)

84. “O discreto charme da burguesia” (Luis Buñuel, 1972)

83. “A estrada da vida” (Federico Fellini, 1954)

82. “Amélie” (Jean-Pierre Jeunet, 2001)

81. “Céline e Julie vão de barco” (Jacques Rivette, 1974)

80. “Os esquecidos” (Luis Buñuel, 1950)

79. “Ran” (Akira Kurosawa, 1985)

78. “O tigre e o dragão” (Ang Lee, 2000)

77. “O conformista” (Bernardo Bertolucci, 1970)

76. “E sua mãe também” (Alfonso Cuarón, 2001)

75. “A bela da tarde” (Luis Buñuel, 1967)

74. “O demônio das onze horas” (Jean-Luc Godard, 1965)

73. Man with a movie camera (Dziga Vertov, 1929)

72. “Viver” (Akira Kurosawa, 1952)

71. “Um homem com uma câmera” (Wong Kar-wai, 1997)

70. “O eclipse” (Michelangelo Antonioni, 1962)

69. “Amour” (Michael Haneke, 2012)

68. “Contos da lua vaga” (Kenji Mizoguchi, 1953)

67. “O anjo exterminador” (Luis Buñuel, 1962)

66. “O medo consome a alma” (Rainer Werner Fassbinder, 1973)

65. “Ordet” (Carl Theodor Dreyer, 1955)

64. “A liberdade é azul” (Krzysztof Kielowski, 1993)

63. “Spring in a small town” (Fei Mu, 1948)

62. “A viagem da hiena” (Djibril Diop Mambéty, 1973)

61. “Intendente Sansho” (Kenji Mizoguchi, 1954)

60. “O desprezo” (Jean-Luc Godard, 1963)

59. “Vá e veja” (Elem Klimov, 1985)

58. “Desejos proibidos” (Max Ophüls, 1953)

57. “Solaris” (Andrei Tarkovsky, 1972)

56. “Amores expressos” (Wong Kar-wai, 1994)

55. “Jules e Jim” (François Truffaut, 1962)

54. “Comer beber viver” (Ang Lee, 1994)

53. “Pai e filha” (Yasujirô Ozu, 1949)

52. “A grande testemunha” (Robert Bresson, 1966)

51. “Os guarda-chuvas do amor” (Jacques Demy, 1964)

50. “O atalante” (Jean Vigo, 1934)

49. “Stalker” (Andrei Tarkovsky, 1979)

48. “Viridiana” (Luis Buñuel, 1961)

47. “4 meses, 3 semanas e 2 dias” (Cristian Mungiu, 2007)

46. “O boulevard do crime”(Marcel Carné, 1945)

45. “A aventura” (Michelangelo Antonioni, 1960)

44. “Cléo das 5 às 7” (Agnès Varda, 1962)

43. “Bom trabalho” (Claire Denis, 1999)

42. “Cidade de Deus” (Fernando Meirelles, Kátia Lund, 2002)

41. “Tempo de viver” (Zhang Yimou, 1994)

40. “Andrei Rublev” (Andrei Tarkovsky, 1966)

39. “Close-up” (Abbas Kiarostami, 1990)

38. “Um dia quente de verão” (Edward Yang, 1991)

37. “A viagem de Chihiro” (Hayao Miyazaki, 2001)

36. “A grande ilusão” (Jean Renoir, 1937)

35. “O leopardo” (Luchino Visconti, 1963)

34. “Asas do desejo” (Wim Wenders, 1987)

33. “Playtime” (Jacques Tati, 1967)

32. “Tudo sobre minha mãe” (Pedro Almodóvar, 1999)

31. “A vida dos outros” (Florian Henckel von Donnersmarck, 2006)

30. “O sétimo selo” (Ingmar Bergman, 1957)

29. “Oldboy” (Park Chan-wook, 2003)

28. “Fanny e Alexander” (Ingmar Bergman, 1982)

27. “O espírito da colmeia” (Victor Erice, 1973)

26. “Cinema Paradiso” (Giuseppe Tornatore, 1988)

25. “Yi Yi” (Edward Yang, 2000)

24. “O encouraçado Potenkim” (Sergei M Eisenstein, 1925)

23. “A paixão de Joana d’Arc” (Carl Theodor Dreyer, 1928)

22. “O labirinto do fauno” (Guillermo del Toro, 2006)

21.”A separação” (Asghar Farhadi, 2011)

20. “O espelho” (Andrei Tarkovsky, 1974)

19. “A batalha de Argel” (Gillo Pontecorvo, 1966)

18. “A cidade do desencanto” (Hou Hsiao-hsien, 1989)

17. “Aguirre, a cólera dos deuses” (Werner Herzog, 1972)

16. “Metropolis” (Fritz Lang, 1927)

15. “Pather Panchali” (Satyajit Ray, 1955)

14. “Jeanne Dielman” (Chantal Akerman, 1975)

13. “M” (Fritz Lang, 1931)

12. “Adeus, minha concubina” (Chen Kaige, 1993)

11. “Acossado” (Jean-Luc Godard, 1960)

10. “A doce vida” (Federico Fellini, 1960)

9. “Amor à flor da pele” (Wong Kar-wai, 2000)

8. “Os incompreendidos” (François Truffaut, 1959)

7. “8 1/2” (Federico Fellini, 1963)

6. “Persona” (Ingmar Bergman, 1966)

5. “A regra do jogo” (Jean Renoir, 1939)

4. “Rashomon” (Akira Kurosawa, 1950)

3. “Era uma vez em Tóquio” (Yasujirô Ozu, 1953)

2. “Ladrões de bicicleta” (Vittorio de Sica, 1948)

1. “Os sete samurais” (Akira Kurosawa, 1954)

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