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Exposição no MNBA reúne 67 gravuras que percorrem a carreira de Thereza Miranda e passam a integrar o acervo da instituição

Reprodução -
O bonde de Santa Teresa na pintura da artista Thereza Miranda
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Pioneira na técnica da fotogravura no Brasil, Thereza Miranda vai apresentar 67 trabalhos na exposição “Instantes múltiplos”, que será aberta hoje no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). A mostra celebra os 90 anos da artista plástica e todo o seu conteúdo passou a integrar o acervo da instituição, graças à conquista da edição de 2015 do Prêmio Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas, promovido pela Funarte. Para concorrer, a gravurista inscreveu os trabalhos que faziam parte de sua coleção particular, pela instituição.

“Sinceramente, eu não esperava por esse prêmio. Por mim, nem teria participado. Havia trabalhos muito relevantes concorrendo na ocasião de artistas como Waltércio Caldas e Rubens Gerchman… Concordei por insistência do Luis Roberto”, conta Thereza, referindo-se ao trabalho do filho que passou finais de semana inteiros, ao longo de cinco meses, reunindo informações sobre ela e sobre o museu para atender as exigências do edital.

Macaque in the trees
Um legado permanente (Foto: Reprodução)

Com sua trajetória artística toda ligada ao Museu de Arte Moderna, onde começou a estudar na década de 1960, Thereza participou do concurso pelo MNBA por uma questão pragmática. “O Belas Artes desenvolve um trabalho de referência nas obras de arte impressas em papel - um trabalho incrível iniciado pelo gravurista Carlos Martins. Mas antes de tomar a essa decisão, comuniquei meu desejo ao Gilberto Chateaubriand, do MAM. Só faria isso com a concordância dele”, explica.

“Esta exposição é um pequeno percurso de uma longa trajetória artística dentro da arte e da gravura brasileira”, justifica Laura Abreu, curadora da exposição, em meio aos preparativos finais de montagem da mostra. Dividida em núcleos temáticos desde as gravuras feitas em metal, do início da carreira de Thereza, a exposição passeia pelas obras das séries “Germinação”, “Nova germinação” e “Germinação vida” (décadas de 1960 e início de 1970) e chega nas fotogravuras, uma marca estampada do DNA da artista.

A fotogravura é uma técnica que une a fotografia às técnicas da gravura. A foto é trabalhada em vários níveis antes de ser transferida para uma matriz em metal – Thereza prefere o cobre por permitir impressões mais rápidas. Inicialmente, a gravadora retratava imagens de cidades latino-americanas e, mais tarde, preocupada com o patrimônio cultural brasileiro, focou no registro de fachadas, portas, telhados e outros detalhes arquitetônicos da escola nacional e suas influências. “Através de uma câmara fotográfica e de seu olhar sensível, a artista registrou a paisagem urbana, que tornou-se uma marca de sua obra, a natureza, detalhes arquitetônicos como telhados, janelas, portas, ruas etc., do Brasil e de alguns países do exterior”, destaca a curadora.

Macaque in the trees
Um legado permanente (Foto: Reprodução)

Thereza Miranda iniciou-se na arte da gravura na década de 1960, sob a orientação de Walter Marques, no já histórico Ateliê da Gravura do MAM. Desde então impulsionou sua carreira participando de diversas bienais de gravura no Brasil e no exterior. Em 2008, comemorou com uma grande retrospectiva seus 45 anos de carreira, no MAM. Paralelamente, começou a desenvolver trabalhos em pintura. São telas em tons azuis e verdes translúcidos que mostram florestas e mares, paisagens, ora fruto da memória visual da artista ora reinventadas e imaginadas.

Outra grande contribuição da artista é transmitir e compartilhar seu conhecimento com as novas gerações. Desde 1974, leciona gravura e ilustração no Departamento de Comunicação Visual, Arte e Design na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) - uma decisiva contribuição para a difusão da técnica que trouxe para o Brasil e sua valorização como meio de expressão artística.

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SERVIÇO

INSTANTES MÚLTIPLOS – THEREZA MIRANDA

Museu Nacional de Belas Artes (Av. Rio Branco, 199 – Cinelândia. Tel: 2219-8474)

Ter. a sex., das 10h às 18h. Sáb., dom. e fer., das 13h às 18h. R$ 8,00, R$ 4,00 (meia e ingresso família, para até 4 membros de uma mesma família). Grátis aos domingos. Até 16/12

Reprodução - Um legado permanente