Porque Judd Apatow e Nick Hornby demoraram tanto a se encontrar cinematograficamente? O produtor, diretor e roteirista americano e o autor britânico têm feito belas obras em suas searas que tanto se comunicam. Lidar com sentimentos comuns entre adultos através de suas particularidades, agregando humor à fórmula sem perder a humanidade é uma característica de ambos, que finalmente se encontram no longa de Jesse Peretz, baseado em livro de Hornby e produção de Apatow. Que ele reflita mais uma narrativa inserida de universo pop é uma certeza do lugar de conforto.
Um casal de ingleses em crise parece viver em função da (in)existência de um astro do rock que há mais de 20 não é visto, só tendo lançado um álbum. Quando Tucker Crowe resolve deixar sua “vida de ermitão” para se aventurar na Inglaterra, a culpa é de Anne, que o incentivou pela internet. Com diálogos irresistíveis na melhor tradição da comédia romântica britânica, o longa não é vazio de propósitos e discute sutilmente a falta de empatia que as pessoas já elaboram inclusive dentro da própria casa.
Ao reverter as possibilidades de sucesso em torno de um trio de protagonistas que deram muito errado na vida, a proposta do filme é observar o lugar à nossa volta que podemos chamar de bem-sucedido e atentar seu encaixe nele. De maneira agridoce, o filme usa clichês para logo após se livrar deles com saídas ousadas no quesito dramaturgia. Os três protagonistas (Ethan Hawke, Rose Byrne e Chris O’Dowd) tem performances bem acima da média e o resultado é um biscoito delicado, servido sem o requinte esperado, mas com muito frescor para adicionar a este filme delicioso.
*Membro da ACCRJ
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JULIETE NUA E CRUA: *** (Bom)
Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom