Que Helena Ignez é uma lenda viva do nosso cinema, não há qualquer dúvida. Sua herança do Cinema Novo e do cinema marginal representados pela Belair ainda persistem e oxigenam a produção cinematográfica atual, colocando-a num positivo lugar diferenciado hoje. Após o incrível “Ralé”, Helena segue em frente com esse petardo romântico-social-desvairado.
Baseado num roteiro deixado por seu marido, o seminal Rogério Sganzerla, a autora burilou o material para contar a história de Inácio, ex-gari e mecânico indolente, que sonha com a tal moça do título. O que Inácio não previa é que o filme é uma doce provocação passada entre o sonho e a realidade, e que a tal moça ia surgir na sua vida fora do calendário.
Quem viu os longas de Helena, sabe o que esperar aqui: provocação, ousadia, e uma vontade enorme de produzir afeto no meio de deliciosa anarquia fílmica. O diferencial aqui é o romantismo com que seus personagens se movem e regem suas relações, dando ao longa um caráter onírico e um tom de fábula, ainda que seja uma fábula com a cara da musa de “Copacabana mon amour”.
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A MOÇA DO CALENDÁRIO: ** (Regular)
Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom