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Na melhor tradição do vaudeville: confira crítica de 'O retorno do herói'

Divulgação -
Na produção de Laurent Tirard, o capitão Neuville deixa a noiva para ir à batalha e as cartas a animam
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Eis aqui uma Sessão da Tarde das boas, na linhagem do vaudeville, com idas, vindas e perdas pra sisudez do mau humor. Morninho, adoçado com moderação e recheado de simpatia, “Le retour du héros” é um dos achados do cinema francês de 2018, coroado com uma bilheteria de 770 mil ingressos vendidos, atraídos por uma grife de peso milionário quando o assunto é direção: Laurent Tirard. Autor do precioso livro de entrevistas “Grandes diretores de cinema”, Tirard é o realizador do fenômeno “O pequeno Nicolau” (2009), visto por 5,4 milhões de pagantes na França. Dirigiu ainda o sucesso “As aventuras de Molière” (2007). Sua estética é varejão (quilos de piadas, embates morais leves), mas gourmetizada: não falta refinamento plástico à sua filmografia.

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Na produção de Laurent Tirard, o capitão Neuville deixa a noiva para ir à batalha e as cartas a animam (Foto: Divulgação)

Aqui, soma-se ao padrão de qualidade do cineasta a presença sempre luminosa de Jean Dujardin (de “O artista”) como protagonista. Na trama, Dujardin vive Neuville, militar de alta patente da França do século XIX que pede em casamento a filha mais jovem de uma família de ricaços. Mas ele vai pra guerra após marcar o casório e, com isso, sua noiva endoidece de amor. Para curar a moça, sua irmã mais velha, Elisabeth (Mélanie Laurent, em atuação genial), escreve cartas, fazendo-se passar pelo oficial fugido. A guria se cura na hora. Mas a fraude das cartas precisa parar. Para isso, Elisabeth envia uma missiva suicida para a irmã, como se fosse Neuville, anunciando que sua base será tomada pelas tropas austríacas, forçando-o a lutar até morrer. O plano dá certo até que Neuville volta... não como herói, mas como desertor. Elisabeth consegue interceptá-lo e conta a verdade, mas acaba chantageada por ele. Neuville é, na prática, um bravateiro boquirroto, que se dá bem às custas de suas mentiras. O que ele exige de Elisabeth, em troca de seu silêncio? Primeiro, cumplicidade. Depois, amor. Esse enredo deflagra mil viradas de roteiro, uma mais vívida do que a outra.

* especial para o JB

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O RETORNO DO HERÓI: *** (Bom)

Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom