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Domingo leva conflitos políticos do Brasil ao Lido

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Das muitas revelações que se extraem dos papos de corredor de um grande festival, uma, das muitas aqui de Veneza, diz respeito ao cinema brasileiro, e é das mais elogiosas: numa troca de dicas, um grupo de críticos estrangeiros apontava uma “comédia do Brasil”, de “ironia fina em sua estrutura de filme coral, ou seja, de muitos personagens”, como um dos achados do Lido em 2018. É uma referência a “Domingo”, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, dupla por trás do premiado “Gabriel e a montanha” (2017). Escolhido como atração de abertura do 51º Festival de Brasília (14 a 23 de setembro), a produção foi definida pela revista “Variety” como uma “mirada íntima de uma comemoração de Ano Novo de uma família burguesa, às vésperas da posse de Lula, em 2003”, elogiando seu elenco feminino. Ítala Nândi, Camila Morgado e Martha Nowill integram a trupe de intérpretes.


“Eu estou muito feliz de levar ‘Domingo’ à Veneza um ano depois de levarmos ‘Gabriel...’ a Cannes. Também estou feliz de reencontrar um colega de mestrado, Bassam Jarbawi, que levará seu primeiro longa, ‘Screwdriver’, à mostra Venice Days, na mesma competição que a gente”, comemora Clara, em email ao JB.

“Estou feliz ainda por reencontrar Sameh Zoabi, outro grande amigo de mestrado que estará na Orizzonti com ‘Tel Aviv On Fire’, filme co-escrito por Dan Kleinman, que foi meu professor de roteiro. Finalmente muito feliz pela seleção de ‘Deslembro’, de Flávia Castro, cineasta brasileira que admiramos muito, para Veneza”.
Um dos roteiristas mais disputados do país na atualidade, Lucas Paraíso (de “Aos teus olhos”) dá um toque particular à trama cerzida por Clara e Fellipe, num ambiente de tensão familiar.


No terreno da América Latina, quem anda surpreendendo Veneza é o Uruguai. “La noche de 12 años”, de Alvaro Brechner, do ótimo “Sr. Kaplan” (2014), é um dos longas que mais inflamaram debates no Lido, ao retratar um dos períodos mais tempestuosos da vida do hoje octogenário ex-estadista José Alberto “Pepe” Mujica. O ator espanhol Antonio de la Torre, um queridinho de Almodóvar, vive o jovem Mujica no período em que foi condenado a 12 anos na solitária, no auge das ditaduras na América do Sul, no início da década de 1970. Com uma montagem febril, o projeto é uma coprodução entre uruguaios, franceses e argentinos. E tem mais Mujica hoje aqui. Neste domingo, Veneza vai conferir “El Pepe, uma vida suprema”, um documentário do sérvio Emir Kusturica sobre o legado do político no Uruguai.


Já a Argentina, tenta a sorte aqui, fora de concurso, com “La quietude”, o novo longa de Pablo Trapero (do blockbuster “O clã”), centrado na amizade controversa entre duas irmãs.

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cultura