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Dicas do Aquiles: Conexão pela música

Divulgação -
Disco 'Afinidades'
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Com vinte anos de uma carreira bem-sucedida, somente agora a saxofonista, flautista, arranjadora e compositora Daniela Spielmann lançou um trabalho autoral. O mote de “Afinidades” (independente) é o apreço a seus relacionamentos afetivos: cada uma das 13 faixas do CD foi composta por ela em tributo às suas querenças.

Não à toa, os instrumentistas arregimentados têm laços de amor fraternal com Daniela. Assim, o som resultante tem um quê de extraordinária sensibilidade – não basta ser virtuoso, há que ser íntegro para com os seus. Assim Daniela Spielmann conduz sua música, a vida.

Macaque in the trees
Disco 'Afinidades' (Foto: Divulgação)

Para gravar o álbum, chamou os três instrumentistas que com ela formam um quarteto há 15 anos: Xande Figueiredo (batera), Domingos Teixeira (violão) e Rodrigo Villa (contrabaixo). Mas tem muitas outras feras: Sheila Zagury (piano), Anat Cohen (clarineta), Silvério Pontes (trompete e flugelhorn), Alexandre Romanazzi (flauta), Dudu Maia (bandolim), Idriss Boudrioua (sax), Beto Cazes (percussão) e Nando Duarte (violão de sete cordas). Além desses craques, um naipe de cordas participa de duas faixas. Uma delas traz arranjo de Oswaldo Carvalho, o único em todo o álbum que não é de Daniela. Com dezoito instrumentistas, estava formado o “cordão” das afinidades profundas, intensas.

Abrindo a tampa, “Raxin”, dedicado a Regina Spielmann, mãe de Daniela – segundo Dani, “um samba-choro com pitadas de jazz nos improvisos”. O suingue da batera ressalta a intensidade do violão. Enquanto isso, o sax de Daniela segue, demonstrando ter assunto suficiente para nos encantar desde a primeira até a última faixa do disco.

Segundo Daniela, “Amigos eternos” é “um afoxé dedicado a Dudu Baratz e Elisa Goldman, amigos de infância”. A batera e a percussão se sobressaem. A flauta se esbalda no balanço. O violão dobra notas com a flauta, que segue pontificando em lindos desenhos melódicos – há desenhos de grande beleza em todos os arranjos de Dani para o álbum.

“220 v” é dedicada ao irmão Luís Claudio Spielmann. Daniela conta que o início é “free” (free jazz), e depois um samba de gafieira com metais”. Desde a intro: tocando juntos ou solando, trompete, sax e flauta arrasam. O trompete sola. A flauta de Alexandre Romanazzi e o sax de Daniela, idem... A batera assume o improviso...

Segundo Dani, o maracatu “Seu Silva”, dedicado ao pai Raul Spielmann, é uma lembrança da despedida de quando ele era vivo. Um solitário solo do baixo acústico com arco e o desenho pungente do sax com o violão, dão asas à memória.

Dani diz que “Lobo Guará”, homenagem ao violonista Domingos Teixeira, é um samba de gafieira. A flauta de Romanazzi toca em duo com o sax de Daniela. O samba de gafieira cai num samba-choro. A percussão suingada é forte. O violão de sete faz sinapse com o de seis. O sax tira onda, a clarineta também – todos se responsabilizando pela intensidade musical do CD.

Junção de talento com amizade, “Afinidades” é mais uma bela realização de Daniela Spielmann.

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