Em toda esta discussão dos rumos da política, ou melhor, em torno da chamada Macropolítica, a discussão sobre os efeitos que situações como esta causam nas camadas mais vulnerabilizadas da sociedade infelizmente ainda não tomou as proporções que mereceria em um momento como este.
As conquistas sociais que se perdem em momentos assim vão ser extremamente danosas e colocam em risco ainda maior a possibilidade de futuro para muitas pessoas.
Devemos ou deveríamos acirrar o debate sobre como, de fato, dar à população mais pobre condições cada vez melhores para que houvesse um real desenvolvimento.
Lembrei estes dias do livro do escritor e ativista político americano Mike Davis, intitulado em português como "Planeta Favela". Em seu livro, o autor apresenta dados robustos sobre o processo de avanço do empobrecimento e das iniquidades cotidianas, que vão produzir cada vez mais cidades que abriguem grandes contingentes de cidadãos excluídos.
Em grande parte do mundo dito civilizado, a cultura de criar condições para que todos sejam incluídos, e assim contribuam para um crescimento coletivo, melhorando cada vez mais a qualidade de vida e garantindo minimamente a manutenção das dignidades.
Não podemos prescindir do sonho de uma sociedade mais igual e menos excludente, pelo contrário, buscar conhecer mais e mais nossa condição, mobilizar esforços e tentar construir uma sociedade melhor, apesar de tudo. Prefiro fazer assim, seguir como nos orientou o grande escritor e jornalista Eduardo Galeano, “A primeira condição para modificar a realidade, consiste em conhecê-la.”
* Mônica Santos Francisco - Consultora na ONG ASPLANDE, Colunista no Jornal do Brasil. Coordenadora do Grupo Arteiras