Cortes de ministérios, cortes de verbas para áreas sociais, cortes no programa Minha Casa Minha Vida, cortes na saúde, cortes na educação, cortes nos direitos trabalhistas. O dilema é austeridade, é preciso cortar gastos, o país está em crise. Crise para quem?
Em meio a um discurso de que é preciso cortar gastos, o governo e a Câmara os Deputados acabam de aprovar um projeto de reajuste salarial para Executivo, Legislativo, Judiciário e PGR que vai causar um Impacto no Orçamento de cerca de R$ 64 bilhões até 2019. O salário mínimo nacional aumentou com muito custo apenas 11,6%, já o reajuste para os servidores do Judiciário varia entre 16,5% e 41,47%.
Enquanto acontece um reajuste bilionário, fora da realidade de nosso país, os trabalhadores, pagadores desses salários, sofrem com os cortes oriundos de uma crise causada por desvio de dinheiro público. Além disso, cerca de 11,5 milhões de pessoas estão desempregadas.
Foram cerca de R$ 64 bilhões em reajustes até 2019. Com uma pequena parte desse dinheiro seria possível transformar a realidade de nossas comunidades. A Rocinha e outras comunidades encontram-se com obras abandonadas e continuam enfrentando os diferentes problemas, como a falta de saneamento, registrado desde suas origens.
O PAC 2 Rocinha, orçado em R$ 1,6 bilhão, está parado não só na Rocinha, mas em outras comunidades. O Jacarezinho também aguarda as obras do PAC de cerca de R$ 609 milhões. O Complexo do Lins também espera os repasses de R$ 446 milhões. Ou seja, com menos de R$ 2 bilhões se transformariam as vidas de mais de 300 mil moradores e ainda sobrava dinheiro para saúde e educação.
Estamos sem representantes. Hoje, em 2016, a favela continua sendo lembrada somente em ano eleitoral.
* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.