Os atentados terroristas ocorridos na última sexta-feira, em Paris, nos mostram como o ódio de um grupo pode levar à morte de tantas pessoas inocentes: 129 mortos e 350 feridos.
No Brasil, a enxurrada de lama que destruiu o distrito de Mariana, em Minas Gerais, com rompimento das barragens que pertenciam à mineradora Samarco, mostra como a negligência de uma empresa pode causar um desastre social: nove mortos e 18 desaparecidos, destruição de cidades e danos ambientais irreversíveis. Além das mortes das vítimas, o Rio Doce, mais importante da cidade, está oficialmente morto.
Por outro lado, e com menor visibilidade, as mortes nas favelas do Rio de Janeiro continuam acontecendo. Favelados são mortos, sempre com menor importância. Sem nenhuma mudança, a cada dia perdemos mais e mais seres humanos. A guerra nas favelas é uma realidade e não está sendo tratada, nem muito menos mostrada. Os confrontos nas favelas é o terrorismo que faz parte do dia a dia das favelas.
Quantas vítimas inocentes dessa guerra que não tem fim. Um é morto por portar uma furadeira, outro por ter seu skate confundido com arma, outro por ter uma ferramenta mecânica de trabalho nas mãos. Entre os erros e falhas, muitos inocentes estão perdendo suas vidas nessa guerra de pobre matando pobre. Além das mortes, os danos sociais são ainda maiores, as crianças na favela, desde pequenas, se apavoram com a rotina dos tiroteios e choram. As casas, com marcas de bala mostram como a violência está presente, e o morador não tem saída, se não conviver com a esperança de não se tornar uma vitima.
As tragédias, sejam em Paris, sejam em Mariana, sejam nas favelas, ou em qualquer lugar do mundo, merecem a solidariedade em favor do ser humano, independentemente de origem ou nacionalidade. Assim como todas devem ser prevenidas e tratadas. A favela precisa de uma real mudança e transformação, que não será feita por meio das armas. A violência só está gerando mais violência, e o povo continua abandonado, sem acesso aos seus direitos básicos garantidos por lei. Os atentados nas favelas são rotinas presentes na vida dos moradores.
É tempo de se solidarizar com o ser humano, seja rico, pobre, branco, negro, brasileiro ou estrangeiro.
Paz em Paris
Paz em Mariana
Paz na Rocinha
* Supervisor Administrativo NEAM/PUC-Rio; Mestrando em Design - DAD/PUC-Rio; Pesquisador Ladeh/PUC-Rio; Colunista Jornal do Brasil e morador da Rocinha