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Beltrame criminaliza movimentos sociais das favelas

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O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, põe em prática os ensinamentos dos governadores Pezão/Cabral em criminalizar os movimentos sociais. Ao falar que as Associações de Moradores das favelas do Rio são responsáveis pelas proibições de campanha de alguns candidatos ao governo do estado o secretário afirma que todo favelado é criminoso.

Beltrame alegou que as associações de moradores estão por trás de ameaças sofridas por candidatos, e não a milícia ou o tráfico de drogas. Suas alegações são sem fundamentos ou provas. A intenção desse senhor é reproduzir as práticas repressivas que os professores sofreram ao reivindicar seus direitos trabalhistas.

Quem não se lembra da truculência que a Polícia Militar utilizou para reprimir as manifestações dos profissionais de educação do Estado? Quem não se recorda do abuso de poder da PM ao reprimir as manifestações que sucederam os movimentos históricos de 2013? Quem não se recorda das inúmeras prisões arbitrárias dos manifestantes neste ano?

Quando um secretário de Segurança faz uma afirmação dessas, ele está colocando em xeque toda a representatividade que os moradores têm em suas lideranças nas associações de moradores. Para informar esse senhor, as associações são entidades privadas e com caráter jurídico com seus respectivos filiados, sendo contribuintes mensais e com frutífero acompanhamento de reuniões.

Se por ora algum candidato for ameaçado na favela, a culpa é da ineficiência do Estado e do modelo de segurança pública que foi implementado. Se os poderosos senhores das UPPs querem jogar a culpa nas associações de moradores, é preciso provar juridicamente quem são os culpados. Tirar as responsabilidades de suas mãos é desculpa para criminalizar o pobre da favela.

* Walmyr Júnior é professor. Representante do Coletivo Enegrecer no Conselheiro Nacional de Juventude - CONJUVE. Integra PJ e trabalha na Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.