Um grupo de designers da PUC-Rio visitou a Rocinha no último sábado com dois objetivos: conhecer a comunidade que é tão falada no mundo todo e que realiza diversas parcerias com a universidade; cumprir a missão de colar os cartazes produzidos no atelier do artista francês J.R em New York, Ficamos muito encantados com o cunho social dos projetos do artista.
O grupo esteve em NY em janeiro deste ano e visitou o atelier do artista que se revela nas intervenções urbanas em grande formato. Em seu mais novo projeto, The Family, ele amplia fotografias de gente de todo o mundo e depois as fotografa aplicadas na rua.(https://www.jr-art.net).
Vale ressaltar sua intervenção no morro da Providência, em 2008, onde colocou a arte em lugares inesperados com o intuito de levar a arte e criatividade para dentro da comunidade, oferecendo esperança e buscando auxiliar na redução da violência.
Coordenei a visita à Rocinha com a professora Elisabeth Grandmasson, que há anos apresenta uma grande experiência com moradores da comunidade e já orientou projetos ligados à Rocinha, inclusive a produção do livro Um olhar sobre a produção cultural da Rocinha, de minha autoria. O roteiro se iniciou com a colagem dos cartazes na localidade conhecida como 199 e a nossa maior recompensa foi de observar a surpresa dos moradores ao se depararem com os cartazes com rostos desconhecidos no muro da favela.
Meu objetivo como participante e anfitrião foi de poder desmistificar, uma vez mais, o velho mito de que todo favelado é marginal e que na favela apenas encontramos os aspectos negativos e violentos evidenciados pela mídia. O passeio foi suave e divertido, com direito a um almoço especial e um bom bate papo, finalizando com uma volta pela feirinha do emoções.
A recompensa maior da visita foi de poder ver nos rostos dos convidados a surpresa e felicidade que tiveram em conhecer a favela, não como turistas, mas como nós que vivemos aqui. O trajeto não foi com roteiro turístico, foi livre de preconceitos, foi um olhar sobre a vida e as dificuldades sem sentimento de pena e sim de ter reconhecimento dos moradores que, em meio a tantas dificuldades, seguem na luta e na esperança por um futuro melhor.
Nossa intervenção espera como resultado uma maior aproximação entre a comunidade e a sociedade, além de ficar aberto o convite ao artista JR para uma visita a nossa favela.
*Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio