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Interatividade não é nenhuma novidade

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Muito já se falou sobre o novo episódio especial da série britânica “Black mirror” (Netflix), por ele ser interativo. Mas pouco se divulgou – a própria Netflix só o fez depois que ele já estava disponível para os assinantes – que, para assisti-lo, não basta apenas ter uma SmarTV com o aplicativo do serviço de streaming, mesmo no celular ou PC.

A princípio, nem todos podem vê-lo. O detalhe é que se você tem uma SmarTV (não importa qual seja a marca) mais antiga (pelo menos de dois anos para trás), o episódio não “rodará”. Os aplicativos de modelos mais velhos não “tocam” o episódio. É uma mistura de engenho ultrapassado e aplicativo que não mais se atualiza. Algumas pessoas conseguiram assistir a “Bandersnatch” (o nome do episódio) usando uma manobra técnica: caso você tenha um console de videogame X-Box ou PlayStation (tanto faz o 3 ou 4), basta baixar a versão mais nova do aplicativo Netflix. Aí, da para ver pela sua TV, mesmo que ele seja antiga. Já quem tem um modelo mais recente, ok.

Dito isto, “Bandersnatch” nem é algo tão original assim. Esse lance de decidir o que vai acontecer durante um filme, série ou programa de TV, já existe desde priscas eras (aqui, houve até um programa, que contava casos, cujo desfecho era decidido pelos telespectadores, através de votação por telefone, o “Você decide”). O conceito já existe há tempos, de formas diferentes. No cinema, por exemplo, chegou a ser usado como um truque em filmes alternativos. O diretor esperava na sala e, de acordo com a reação da plateia, exibia o último rolo (com opções de finais diferentes), com a versão escolhida. Isso antes do cinema digital.

No caso da série, é inédito em TV desta forma, porque não tínhamos os recursos atuais, que permitem que, com o uso do controle remoto, ativemos o comando. Isso é corriqueiro em videogames faz tempo. Tanto que o personagem principal do episódio é um criador de games dos anos 1980, quando esse conceito ainda era novidade nesta mídia. O mesmo personagem, se inspira num livro para isso. Há mais tempo ainda, existiam livros assim. Eu mesmo, quando guri, li um livro de detetive, cuja trama mudava de direção, dependendo da página ou cena que você pulasse ao lê-lo.

Quanto ao episódio em si, “Bandersnatch” é apenas interessante. E inconclusivo. Ele só te dá duas opções por vez e, basicamente, dura uma hora. O tempo total de 90 minutos se deve aos finais alternativos, aos quais teremos acesso de acordo com nossas escolhas durante o “jogo”. A maioria delas, conseguimos deduzir. No fim, se você não apertar o comando “ir para os créditos” e deixar rolando, os finais alternativos irão entrando. Contei seis. Gostei muito de um que leva para o símbolo do Netflix e o personagem fica assombrado, por receber um recado vindo do século 21, de um sistema de streaming, conceito que ele não entende.

De resto, quem joga videogame e comprou DVDs por conta de seus extras (muitos deles, trazendo finais alternativos e deixando ver o filme com ou sem eles, mediante seleção de cenas), vai achar apenas bacaninha. A trama do episódio em si tem muito de Philip K. Dick (citado em vários detalhes), Aldous Huxley e até mesmo Jean Cocteau (sobretudo, de “Orfeu”). Lida com realidades paralelas, outros mundos e portas da percepção. Boa sacada.

Rugidos

>> FandangoNow será o primeiro fornecedor de conteúdo digital a lançar filmes otimizados para iMax, como “Venom” e “Alpha”. De início, só poderão ser vistos em TVs Sony Bravia 4k.

>> As ações da Netflix subiram 6% esta semana, por conta dos cinco Globos de Ouro que suas produções ganharam no domingo passado.

>> A segunda temporada de “The good doctor” estreia este mês no GloboPlay. Chegam ao catálogo, também neste janeiro, as séries ‘The big bang theory’ e ‘O jovem Sheldon’.

>> O show “Love Yourself”, da banda coreana de K-pop BTS, terá exibição única, no dia 26 de janeiro, na rede Cinemark em todo o país.