ASSINE
search button

Netflix aposta alto de olho em indicações ao Oscar

Divulgação -
"A balada de Buster Scruggs", dos irmãos Coen
Compartilhar

Quando a TV por assinatura se tornou uma realidade nos lares brasileiros, ali na primeira metade dos anos 1990 (já existia nos EUA, desde os anos 70; e, na vizinha Argentina, desde os 80s), seu principal atrativo, eram os canais de filmes. Então, não era preciso mais esperar os títulos envelhecerem para vê-los (dublados e com intervalos) na TV aberta. E, nem alugar fitas VHS, que tinham de ser devolvidas logo. Os chamados “canais premium” da TV paga, davam direito às produções mais recentes de Hollywood (sobretudo) no curto espaço de seis meses (a janela de exibição), após estes terem sido exibidos nos cinemas.

Contudo, após advento do pay-per-view (por uns trocados a mais, você poderia assistir a estes mesmos filmes, um pouco mais cedo, logo depois de sua estreia nos cinemas (pagando por exibição, pelo período de 24 horas), surgiu algo melhor: o streaming. Este, demorou um pouco mais a pegar, porque dependia de uma estável e boa conexão de internet banda larga.

Agora, que já contamos com isso, serviços como Amazon e Netflix, basicamente, nos agraciam com produções próprias, séries de TV que você não vê, em parte alguma (ou, só verá muito depois, quando estas são vendidas), e filmes que são feitos apenas para estes meios.

Macaque in the trees
"A balada de Buster Scruggs", dos irmãos Coen (Foto: Divulgação)

A Netflix, por exemplo, vem fazendo, cada vez mais, o valor de sua assinatura valer a pena: com uma lista de filmes que são exibidos apenas em poucas salas de alguns países, mas que chegam em seu serviço antes ou na mesma semana da estreia nas telonas. Como é o caso de “22-july”, de Paul Greengrass (de thrillers, como os de Jason Bourne), baseado em fatos reais – o ataque terrorista, que matou cerca de setenta pessoas, na Noruega, em 2011.

E os planos da Netflix são ambiciosos: ganhar indicações ao Oscar. Por isso, o novo filme de Alfonso Cuarón, “Roma” (aclamado no último Festival de Veneza, de onde saiu com o prêmio principal, o Leão de Ouro), ficou em cartaz, por algumas semanas, numa rede de cinemas americana, para que possa se qualificar ao Oscar 2019. Será lançado no serviço de streaming em dezembro.

Mas os fãs da obra dos irmãos Coen (Ethan e Joel) já podem se deliciar, desde a semana passada com o novo filme da dupla, “A balada de Buster Scruggs”. Narrado como capítulos de um antigo livro, com histórias do Velho Oeste americano (são seis episódios, em cerca de duas horas, o que o torna o mais longo filme dos diretores), ele traz, além do divertido capítulo de abertura - com o personagem do título, um pistoleiro/cantor (feito por Tim Blake Nelson), que anda impecavelmente de branco e nunca erra a mira -, outras cinco historietas diversas, que variam do violento ao lírico, trazendo no elenco nomes como James Franco, Liam Neeson e até o cantor Tom Waits.

Esta antologia, traz tudo o que os fãs dos Coen conhecem e gostam: ângulos de câmera inusitados, fotografia impecável, diálogos e cenas algo surreais, e personagens com nomes esquisitos e rostos angulosos e caricatos. É quase um compêndio de quase tudo o que os manos nos deram nos últimos 20 anos. Seria lindo vê-lo no cinema. Mas é maravilhoso termos algo de tão alto quilate, em casa.

Rugidos

*A quarta edição do VFXRio 2018 acontece na Cinemateca do MAM, de 3 a 5 de dezembro. O programa inclui palestras e workshops com supervisores, diretores e artistas que participam da criação de efeitos visuais.