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Só para cinco

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Durante a última semana o número de contatos, grupos ou indivíduos, para quem você pode encaminhar uma mensagem pelo WhatsApp caiu de 20 para 5. O objetivo da Facebook Inc, empresa que também é dona do Facebook e do Instragram com essa medida foi diminuir a velocidade com que as fake news se espalham através da ferramenta. A atualização que começa pelos sistemas operacionais Android e depois vai para os usuários de iPhone faz parte do plano anunciado por Mark Zuckerberg, presidente da empresa, no final de 2018. O executivo tem sido fortemente cobrado pela forma através da qual tem tratado as informações dos usuários das redes sociais da empresa. Parte por questões éticas e parte por motivos financeiros, visto que a Facebook Inc perdeu bilhões de dólares em valor de mercado no última ano. O uso das redes sociais está diretamente relacionado à confiança e se as pessoas não confiam, param de usar, o que afeta duramente o modelo de negócio da empresa. Certamente outras medidas com o intuito de combater a desinformação serão tomadas ao longo de 2019.

A decisão de Zuckerberg certamente não acaba com a produção de notícias falsas mas certamente diminui muito sua capacidade de viralização. A empresa alega que em função das mensagens enviadas pelo WhatsApp serem encriptadas, não é possível identificar sua origem e isso torna impossível saber que foi o criador da notícia, fato que, evidentemente, impossibilita um combate mais e ciente a esse tipo de iniciativa. Ainda no ano passado, a empresa já tinha marcado mensagens, indicando que ela havia sido encaminhada. Vale lembrar que uma medida semelhante já havia sido tomada. A ferramenta que permitia o encaminhamento para 250 contatos, havia passado para 20 e então anunciou a nova redução. Se considerarmos que o novo modelo considera que é possível encaminhar a mensagem para grupos e que cada grupo permite 200 integrantes, a queda total potencial de encaminhamento de uma mensagem foi de 50.000 para 1.000 pessoas. A queda substancial no alcance faz com que uma questão econômica ajude a explicar a diminuição das fake news. A partir de agora, irá demorar mais tempo, portanto mais caro. Certamente esse fato irá desestimular alguns grupos.

A mesma medida já havia sido tomada na Índia, que é o país do mundo com maior adesão ao WhatsApp, tendo mais 200 milhões de usuários. O número representa quase um Brasil inteiro de pessoas se comunicando pela mesma ferramenta. Assim como acontece em nosso país, boa parte da população da Índia não está acostumada a lidar com a internet o que as torna mais propensas a acreditarem nas mensagens que recebem. O país asiático enfrentou um grave problema em 2018 quando dezenas de pessoas inocentes foram mortas, vítimas de linchamento depois de boatos infundados espalhados através do WhatsApp. O fato acelerou a tomada de decisão por parte da Facebook Inc. A empresa afirma que a medida diminuiu em 25% a circulação de notícias falsas no país e espera que o mesmo aconteça no Brasil.

Uma outra razão que pode ajudar a justificar a medida é a tentativa de manter Instagram, Facebook e WhatsApp fiéis aos propósitos para os quais foram criados. A primeira ferramenta deve servir para manter interações entre indivíduos e grupos, a segunda entre comunidades e pequenas redes e a última entre indivíduos mais próximos. Vamos torcer para que a decisão influencie positivamente nessa luta com que se tornou uma das piores ameaças à internet e porque não dizer à toda a sociedade.

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RAPIDINHA

A brasileira INTZ, grande representante do país nos e-sports, concorre ao prêmio The Community Shakers. A honraria será dada à organização que melhor divulgou, engajou pessoas e ajudou a disseminar a prática, que certamente irá mudar muito do que entendemos e acompanhamos de competições esportivas. Aliás, como escrevi na coluna sobre as tendências para 2019, esse ano ainda vamos ver e ouvir falar muito do assunto. Boa sorte, INTZ!