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Mundo de silício

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Durante anos a Califórnia tem abrigado as maiores e mais importantes empresas de tecnologia do mundo. Lá, estão as sedes de organizações como Apple, Google e das startups de maior sucesso da história. Empresas que, em sua maior parte, são lucrativas, além de socialmente engajadas. Existe uma mudança importante em curso. Uma das razões é que, claramente, o pico da bolha tecnológica do unicórnio (as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão) já foi atingido e tudo indica que os próximos passos serão bem mais complexos. Quedas maciças estão se apresentando para empresas, em alguns casos, estão mais 50% supervalorizadas.

Se, por um lado, a declaração o “Vale do Silício está morto” me parece exagerada, por outro, há uma curiosa tendência se confirmando: parece haver uma nuvem negra sobre as gigantes de tecnologia. Os problemas recentes, com inúmeros casos de violações de dados, abuso no uso de informações pessoais e fraudes com os investidores são bons exemplos para validar essa hipótese.

Como se isso já não fosse um problema suficientemente grande, basta uma pequena pesquisa por apartamentos e escritórios, na região do Vale do Silício, para que você encontre alguns dos imóveis mais caros do mundo, impostos estaduais bastante altos e uma força de trabalho que tem cargos de nível de entrada que demandam mais de US$ 100 mil por ano. Imagine se você fosse iniciar uma empresa a partir do zero e tivesse que lidar com todas essas despesas. Não só seria difícil sustentar-se, mas quase impossível recrutar funcionários.

Dado que algumas cidades já estão lucrando bastante com a presença das tech-giants, muitas outras resolveram entrar nessa briga. Tulsa e Oklahoma, por exemplo, querem pagar para receber a gigantes. O plano parece fazer sentido, pois ao lado dessas empresas costumam aparecer prestadores de serviços, integradores e desenvolvedores que contribuem para o desenvolvimento do ecossistema tecnológico e, consequentemente, para as receitas que nascem de lá. Internacionalmente, a tendência é ainda mais clara. Grandes unicórnios estão saindo de cidades de todo o mundo e se espalhando por cidades mais atraentes. É o fim do Vale ou o início de um mundo de silício?

Menina (ex) superpoderosa

Meng Wanzhou, executiva da gigante chinesa de tecnologia Huawei, manteve-se discreta e afastada dos holofotes durante grande parte de sua carreira. Agora, ela está no centro de um drama geopolítico entre as duas maiores economias do mundo.

A executiva de 46 anos foi presa no sábado, no Canadá, e enfrenta um processo de extradição para os Estados Unidos. Depois que a notícia de sua prisão foi interrompida na noite de quarta-feira, o rosto de Meng se espalhou pela internet. Nos últimos sete anos, ela presidiu um período de extraordinário sucesso financeiro na Huawei. A empresa mais do que quadruplicou seu lucro líquido entre 2011 e 2017, quando registrou 47,5 bilhões de yuans (cerca de US$ 6,9 bilhões).

Ela agora vende mais smartphones do que a Apple (AAPL) e é a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo, à frente da Ericsson, da Suécia (ERIC).

A ascensão global da empresa aumentou o escrutínio do governo dos EUA no mesmo período. Agora, Meng se tornou seu ponto focal.

Toma lá dá cá

O Facebook disse que planeja recomprar mais US$ 9 bilhões de suas ações, em uma tentativa de aumentar a confiança na empresa após uma recente queda no valor dos papéis negociados na bolsa de valores. A queda foi de quase 40% desde que a gigante das mídias sociais disse, em julho, que espera que o crescimento desacelere e que as margens de lucro diminuam nos próximos anos. Sua principal rede social está atingindo um ponto de saturação e, por isso, é necessário pensar em novos tipos de modelos de negócios. A empresa também tem enfrentado escândalos sobre o manuseio de informações erradas e dados de usuários.

O Facebook informou em comunicado regulatório que seu conselho já havia autorizado recompras de até US$ 15 bilhões como parte de um programa iniciado em 2017. A recompra de US$ 9 bilhões anunciada na sexta-feira é adicional às autorizações prévias, disse a empresa. Seus papéis subiram 1,4% na ampliação das negociações. Mais cedo, na sexta-feira, as ações fecharam a US$ 137,42 em Nova York.