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Carona grátis

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Existe uma verdade inegável sobre as plataformas e toda a economia compartilhada: as empresas se financiam e estruturam seus negócios baseadas em trabalhadores que raramente pensam sobre todos os seus custos. Os motoristas da Uber, por exemplo, usam seus próprios carros e pagam todas as suas próprias despesas de manutenção. O problema é que, frequentemente, os carros que usam para trabalhar são também seus carros de passeio. Então fica bastante complicado apropriar os custos nos lugares corretos. Fora a complexidade de precificar eventuais passageiros bêbados e o que eles fazem no carro. O mesmo acontece com os custos indiretos de usar o Airbnb e ter sua casa, eventualmente, alugada para aquele tipo de festa que você sempre sonhou em ser convidado.

Atualmente 68% dos motoristas desistem em seis meses. Agora, com a breve recuperação da economia, esse número pode aumentar. A Uber está tentando dar aos motoristas leais mais motivos para ficar. A empresa anunciou um programa-piloto que dará bônus para motoristas em diversas condições. Entre as vantagens, estão um aumento no pagamento para os melhores profissionais. Apesar de ainda não ter implantado o programa de benefícios em todos os lugares do mundo, nos Estados Unidos a empresa oferece até um diploma universitário on-line gratuito pela Arizona State University.

À medida que as empresas de compartilhamento crescem e se preparam para abrir o capital na bolsa de valores, o relacionamento entre elas, seus funcionários e prestadores de serviço deve estar entre suas principais preocupações. Existe uma chance alta de que essas empresas se tornem alvos da regulamentação quando governos do mundo inteiro fizerem suas contas. Estendendo a sábia observação de Milton Friedman, não existe almoço nem carona grátis.

Precisamos falar sobre vendas

A era do crescimento vertiginoso das vendas do iPhone terminou há alguns anos. Agora, a Apple está fazendo uma mudança para garantir que não precise falar tanto sobre esse problema. Em uma conferência na última semana, executivos da empresa anunciaram seus planos para deixar de divulgar o número de iPhones, iPads e Macs vendidos a cada trimestre. É um movimento que chocou os analistas e só aumentou o nervosismo em relação à capacidade da empresa de seguir crescendo.

As vendas de unidades de Mac e iPad da Apple caíram 2% e 6%, respectivamente, durante o trimestre, em comparação há um ano. Esse número é extremamente importante, uma vez que até mesmo o sucesso de seus serviços de assinatura depende da capacidade da empresa de fazer com que seus clientes continuem migrando para os dispositivos que oferecem suporte a esses serviços. Em algum momento, a Apple precisará descobrir o que irá substituir o iPhone, ou seu mecanismo de crescimento irá parar. Uma das máximas do mundo da tecnologia é que elas sempre acabam.

Parabéns, sem felicidade

O Bitcoin, vedete máxima das criptomoedas, completou 10 anos nessa semana, mas a queda contínua em seu valor de face torna difícil qualquer comemoração. Na última quinta-feira, o preço de um bitcoin caiu para cerca de US$ 6.300,00. Seu preço caiu drasticamente desde a sua alta histórica, quando atingiu US$ 20.000,00 em dezembro de 2017. A moeda começou o ano em pouco mais de US$ 3.500,00 e tem caído desde então.

No fim do ano passado, escrevi muito sobre o quanto 2018 seria difícil para quem acreditou que a moeda mudaria o sistema financeiro internacional. Pode até ser que esse dia chegue, mas nunca nas configurações atuais.

O alto custo das transações, o enorme consumo de energia elétrica e o tempo de efetivar cada operação não deixam dúvidas a respeito disso. Só não percebe quem não entende, é muito otimista ou lucra com a cegueira alheia.