Até a década de 1920, se preenchia galinheiros com frangos com objetivo principal de produzir ovos. Porém, buscando mercado, a indústria criou o conceito do frango como prato principal, que decolou no fim dos anos 40. Infelizmente, no final da década de 50 os ovos se tornaram um alvo, baseado na premissa falha de que comer muitas gemas aumentaria o colesterol. Com isso, os ovos se tornaram vilões para a saúde, algo que muitos ainda acreditam.
Mas por volta de 2012 esses conceitos começaram a mudar. Em uma publicação no American Journal of Clinical Nutrition, o coordenador do estudo, Nick Fuller, da Universidade de Sydney, na Austrália, concluiu que os ovos não são responsáveis por doenças cardíacas ou colesterol alto. Fuller escreveu que os ovos podem apoiar a saúde, incluindo olhos, vasos sanguíneos, coração, gestações saudáveis e regulação da gordura. Ele observou que apesar de difamado por décadas, o colesterol na verdade era menos prejudicial do que se pensava, pois o efeito do que comemos sobre seus níveis no sangue são muito pequenos.
O problema com gordura saturada e colesterol é que esse assunto não ficou claro ao público. Embora essa gordura possa aumentar o colesterol, seu perfil lipídico pode melhorar quando você ingere mais gordura saturada e corta carboidratos. Com isso, haverá aumento de HDL e LDL de grandes partículas, que é o que precisamos. De acordo com o Dr. Aseem Malhotra, consultor cardiologista intervencionista do Hospital Universitário Croydon, em Londres, o consumo de gordura saturada não apenas aumenta seu HDL, mas também os LDLs grandes e fofos, que é o que você quer. Além disso, o LDL tem sido exagerado como um fator de risco para doenças cardíacas, com exceção de pessoas com anormalidade genética.
O colesterol é um componente essencial das membranas celulares. Ele impede que as artérias se colabem e é matéria prima para hormônios como testosterona, estrogênio e cortisol. Além disso, produz ácidos biliares, que ajudam o corpo a digerir gordura e absorver nutrientes. A verdade é que, sem o colesterol, nem existiríamos. Portanto, não se preocupe com ele, pois existem inúmeras razões para aproveitá-lo.
Agora, voltando aos ovos, eles são ricos em:
•Proteínas e gorduras saudáveis.
•Vitaminas, como A, B2, B5, B6, B12, D, E, K, folato
•Minerais, como fósforo, cálcio, zinco e selênio
•Antioxidantes, como a luteína e a zeaxantina
Merece atenção especial a colina, cujos ovos são uma fonte rica. Estudos mostram que é extremamente difícil obter a ingestão adequada de colina sem ovos ou suplementos. Só cerca de 8% dos adultos e 8,5% das grávidas dos EUA recebem colina suficiente. Ela age na estruturação das membranas celulares e como sinalizador cerebral. Sua deficiência está ligada a problemas de memória, letargia e confusão de raciocínio. No caso das grávidas, previne defeitos congênitos, como espinha bífida, e colabora no desenvolvimento do cérebro de bebês em gestação.
Então, você não precisa – nem deve – evitar ovos. Esqueça esse absurdo de desprezar a gema. E dê preferência a ovos de galinhas criadas a pasto, que são melhores em termos nutricionais e muito menos propensos a contaminação com bactérias. Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
•Atherosclerosis October 2012
•BMJ October 22, 2013
•Bodyand Soul December 19, 2016
•Nutrients July 3, 2017
•American Journal of Clinical Nutrition May 7, 2018
•Você ainda como só a clara do ovo? Então veja isto... – www.DrRondo.com
Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357