ASSINE
search button

Itaú reduz alta do PIB de 2020 de 2,2% para 1,8%

foto: Reuters/Pilar Olivares -
A margem financeira gerencial do Itaú, que reflete o ganho do banco com operações que rendem juros, chegou a R$ 22,638 bilhões no segundo trimestre do ano
Compartilhar

Com o impacto do coronavírus, que já atingiu mais de 80 países, agravando o quadro de desaceleração observado na economia brasileira no último trimestre de 2019, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,5%, acumulando alta de modestos 1,1% no ano, o Itaú foi a primeira das grandes instituições financeiras a anunciar nesta sexta-feira, 6 de março, a revisão para baixo de sua projeção do PIB para 2020: a taxa caiu dos 2,2% previstos até fevereiro, para 1,8%.

Com isso, o Departamento Econômico do maior banco privado brasileiro contraria o discurso do governo de que apesar da desaceleração ante os 2,5% antes esperados, a taxa “não vai ficar abaixo de 2”, como dissera o secretário de política econômica do ministério da Economia, Adolfo Sachsida. A LCA Consultores já adiantou que vai revisar sua projeção para abaixo de 2%. O Bradesco, que apostava em alta de 2,5% ainda não apontou sua nova previsão, mas no “Semana em Revista” divulgado hoje à tarde, admite desaceleração do crescimento.

Itaú prevê queda da Selic para 3,75% em 2020

O Itaú fez uma Revisão do Cenário Brasil levando em conta o fraco resultado do último trimestre e o agravamento da crise do coronavírus, que compromete a cadeia produtiva mundial, com a falta de componentes made in China.

“Reduzimos nossa projeção para o crescimento do PIB para 1,8% em 2020 (de 2,2%), devido a sinais de arrefecimento da atividade econômica no 1T20 e aos efeitos negativos da desaceleração da economia global. Para 2021, mantemos nossa projeção em 3,0%”.

“Mantemos nossa projeção de taxa de câmbio para 4,15 reais por dólar em 2020 e 2021”.

Nesta sexta-feira, pela primeira vez em duas semanas, o dólar caiu ligeiramente, fechando a R$ 4,6350, após bater os R$ 4,6750. O Banco Central entrou pesado no mercado vendendo contratos de dólar para entrega futura.

“Com o menor crescimento econômico, pioramos nossas estimativas de déficit primário de 1,0% para 1,1% do PIB em 2020 e de 0,5% para 0,6% do PIB em 2021”.

“Mantemos nossa projeção de inflação em 3,3% neste ano e 3,5% em 2021”.

“O Banco Central sinalizou que poderá tomar medidas para mitigar os efeitos da epidemia de coronavírus na economia doméstica. Revisamos nossa projeção para a taxa Selic para 3,75% a.a. ao final de 2020 e para 4,00% a.a. ao final de 2021”.

Em janeiro, o Itaú previa que a Selic fecharia este ano em 4%. Com a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de interromper o atual ciclo de queda de 6,5% para 4,25% em janeiro, o Itaú reviu a meta da Selic para 4,25%, mas deixou aberta a possibilidade de mudança se a conjuntura exigisse juros ainda mais baixos para estimular a demanda (pois a inflação estava ancorada abaixo da metade de 3,75%). E a previsão para 2021 era de 4,5%.

O fato foi o agravamento da desaceleração global com a crise do coronavírus, que fez o Itaú revisar de 3,1% para 2,7% a expectativa de crescimento mundial este ano, com impacto no Brasil.

No boletim Semana em Revista que divulgou hoje à tarde o Itaú resume a mudança dos cenários global e doméstico:

“Olhando à frente, os dados do 1T20 sugerem desaceleração da atividade econômica, cuja intensidade ainda é incerta. No entanto, acreditamos que a atividade continuará em um processo moderado de aceleração impulsionado pelo crescimento do crédito privado, que afeta o consumo e o investimento”.

“O risco negativo para esse cenário é o desempenho pior da economia global devido à epidemia do novo coronavírus”.

Bradesco também adverte para desaceleração

Já o Departamento Econômico do Bradesco, cuja cúpula esteve presente, quinta-feira, na reunião do presidente Jair Bolsonaro com donos das maiores empresas do país, em São Paulo, adverte em seu boletim “Semana em Foco”:

“Os indicadores divulgados no início deste ano apontam crescimento mais moderado da atividade, que ainda será impactada pela desaceleração da atividade mundial”.

Tags:

coronavírus | ITA | pib