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Investimento da Petrobras não caiu; dólar é que subiu

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Os investimentos da Petrobras são feitos em reais. No Brasil estão mais de 95% dos seus negócios. Entretanto, como se trata de uma S.A., com ações listadas em Nova Iorque, os números dos seus Planos de Negócios e Gestão (PNG), de caráter quinquenal, acabam sendo expressos em dólar, uma moeda de valor mais constante que o real. O PNG de 2019-2023 previa investimentos de US$ 84,1 bilhões. O PNG de 2020-2024, apresentado pela companhia nesta quinta-feira, 28 de novembro, prevê investimentos de US$ 75,7 bilhões.

Foi o bastante para a imprensa, numa conta imediatista afirmar ter havido redução de 10% nos investimentos. Discordo totalmente, mesmo sem a Petrobras apresentar a íntegra do PNG de 2020 a 2024, com os parâmetros para o dólar e os preços do barril de petróleo estimados para o período.

Na verdade, mesmo com o perfil da companhia redimensionado (venda de refinarias com 50% da capacidade de refino total), saída da petroquímica, dos biocombustíveis e do transporte de gás, além da venda da Liquigás, os investimentos ficaram iguais ou até aumentaram. E como estão mais concentrados no pré-sal, posso afirmar que vão até aumentar no segmento.

Entre 2018 e 2019 o dólar subiu 19%. Na média, entre os R$ 3,60 orçados no PNG anterior e uma taxa de R$ 4,00 para o próximo PNG o dólar subiu 11%. Uma queda de 10% em dólar comprova o aumento.

Vamos fazer outra conta, transformando dólar em reais

No PNG de 2019-2023, com o dólar médio de R$ 3,60, os investimentos somariam US$ 84,1 bilhões. Ou seja, a R$ 302,76 bilhões.

No PNG 2020-2024, com o dólar a R$ 4,00, os investimentos “caem” a US$ 75,7 bilhões. Multiplicados por 4 somam R$ 302,80 bilhões. É quase o mesmo.

Entretanto, deve-se considerar a mudança do port-fólio da Petrobras, com a venda de 50% da capacidade de refino (as refinarias e o transporte de petróleo e derivados iriam demandar investimentos de US$ 8,2 bilhões e uma parte deve ter sido podada). Só a refinaria Abreu e Lima (posta à venda) deveria investir US$ 1,3 bilhão.

Por isso, chamo a atenção para a necessidade de apresentação completa do plano – se os investimentos totais foram mantidos, sobraram mais recursos para o pré-sal. A área de Gás& Energia, que encolheu frente a 2018, investiria US$ 5 bilhões. Na Petroquímica (praticamente zerada neste ano) seriam gastos US$ 300 milhões.

Na verdade, às voltas com a redução do seu ainda elevadíssimo endividamento, a Petrobras vai investir mais. E no pré-sal.

Ou seja, ao botar dinheiro bom em negócios mais promissores, tem possibilidades de maiores retornos para o capital investido.