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Energia nuclear pede mais 20 anos de vida

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A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás que administra a mais antiga usina nuclear do Brasil, a de Angra I, fornecida em pacote fechado pela americana Westinghouse, sem transferência de tecnologia - como nas demais Angra II e III {em construção) no Acordo Nuclear com a Alemanha, com transferência de tecnologia da Siemens - pediu à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), na última quinta-feira, 7 de novembro, a extensão de vida útil de Angra I de 40 para 60 anos. Para isso, pediu financiamento equivalente a R$ 1 bilhão ao Eximbank, o banco de financiamento às exportações dos Estados Unidos.

Com licença operacional de 1984 e em operação comercial desde1985, após superar inúmeros problemas técnicos que causavam tantas interrupções que ganhou o apelido de “usina vaga-lume”, a licença de Angra I expiraria em 2024. A usina vem operando com a média de 640 MW de eletricidade, capaz de iluminar uma cidade de 1 milhão de habitantes (como Porto Alegre ou São Gonçalo-RJ). Já Angra II produz 1.350 MW desde 2001.

A durabilidade da usina foi garantida pela troca dos geradores de vapor – dois dos principais equipamentos da usina – feita em 2009. Com a substituição, a vida útil de Angra I poderá ser estendida, permitindo que a usina esteja apta a gerar energia para o Brasil por décadas. O crédito do Eximbank visaria cobrir os custos com a compra de equipamentos e serviços americanos necessários a garantir mais 20 anos de vida útil da usina.

Nuclear X solar e gás

A geração de energia elétrica de origem hídrica responde, aproximadamente, por 60% da energia elétrica do país. As termelétricas (movidas a gás ou óleo diesel) respondem por cerca de 22%. A energia eólica tem capacidade de 7% e a energia solar e eólica completam o quadro de suprimento.

Com as descobertas do pré-sal, a geração de gás natural no Brasil já é três a quatro vezes superior à do acordo de fornecimento de gás da Bolívia (cuja revisão já estava no radar antes da queda de Evo Morales).

Só a termelétrica do Açu da GNA (Gás Natural Açu), a ser inaugurada em 2021, vai gerar 1,3 MW (praticamente uma Angra II). Mas a GNA já programou a GNA II, para gerar 1,7 MW a partir de 2023, um total de 3 mil MW. 50% a mais que a geração nuclear em Angra dos Reis.

Em Sergipe será inaugurada no começo do ano que vem a Termelétrica Porto de Sergipe, iniciativa da Celse, com capacidade de 1,5 mil MW.

Além do custo mais baixo em relação às usinas nucleares, a construção de uma termelétrica dura um máximo de 30 meses.

Já Angra III, em construção há três décadas, com capacidade para gerar 1,4 mil MW, e cujas obras foram interrompidas em 2015, após investigações da Lava-Jato que incriminaram até o ex-presidente Michel Temer, já engoliu R$ 5 bilhões (incluindo as propinas de corrupção confessadas pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Camargo Correa) e deve consumir mais R$ 14/15 bilhões para ficar pronta em cinco anos, segundo a previsão do ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, feita na semana passada.

Estocagem do vento

A energia eólica tem capacidade para 7% mas a potência dos ventos oscila muito (já dizia a ex-presidente Dilma que “não era possível estocar vento”). Com a sua habitual dificuldade de expressão, Dilma queria dizer que as energias alternativas, como a eólica ou a solar, não permitem armazenamento do fato gerador (o vento ou luminosidade solar) por muito tempo. As baterias têm capacidade limitada.

Na energia hidrelétrica, as águas de verão podem ser estocadas nos reservatórios para uso ao longo dos 12 meses. O bom uso combinado e integrado das fontes alternativas com a energia elétrica permitiria o uso mais racional da energia hidrelétrica (as águas seriam poupadas nos picos da geração eólica ou solar).

Mas a questão é que, por ora, a alternativa mais viável é a geração termoelétrica movida a gás natural. Com o pré-sal, o Brasil tem gás e petróleo garantidos para além de 2050. A menos que outras energias desbanquem o petróleo e o gás natural.

Questão tributária

O potencial da energia solar é imenso por envolver investimentos pulverizados (de grandes a microempresários até empreendimentos habitacionais e residências). Ganharia mais impulso com um tratamento fiscal menos leonino.

As duas usinas nucleares geram basicamente 2 mil MW. É menos que o total acumulado pela capacidade de geração de energia solar do Brasil, que superou os 2,4 mil MW em setembro.

O preço do VW GOL mede a crise da Argentina

O jornal “Âmbito Financiero”, da Argentina trouxe hoje uma interessante conta que dá para entender porque nos últimos dois anos as exportações de automóveis brasileiros para os consumidores argentinos (nosso principal mercado externo) deram marcha à ré.

Em 2015, uma versão básica do VW Gol, o carro mais vendido pela VW do Brasil, lá e aqui, custava 200 mil e 800 pesos.

Atualmente, com a desvalorização do peso argentino acelerada em dois anos e com a evolução dos equipamentos tecnológicos incluídos nos automóveis, o modelo mais equipado do Gol vale mais de um milhão de pesos ($ 1.091.150).

A “inflação automotiva” se repete nos modelos de outras montadoras.

Mas, ao contrário do Brasil, onde as evoluções tecnológicas têm sido acompanhadas por elevações modestas nos preços, para os argentinos, a desvalorização do peso diante do dólar – que nesta segunda feira estava a 63 mil pesos - foi fatal.

Até o fim do governo de Cristina Kirchner, o dólar valia pouco menos de 10 pesos. Após a eleição de Maurício Macri, saltou para 15 pesos e agora vale 63.

Dá para entender porque Macri perdeu para Alberto Fernández.