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Para Itaú, manter o teto de gastos é fundamental

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Em análise produzida nesta sexta-feira, 6 de setembro, pelo economista Pedro Schneider, o Departamento Econômico do Banco Itaú, maior banco privado brasileiro considera que “o teto de gastos é chave para o reequilíbrio das contas públicas”. O banco adverte que “sua revisão implica obrigatoriamente em aumentos da carga tributária, que já é excessivamente elevada, ou no aumento do risco de um ajuste pela aceleração da inflação, ambos prejudiciais para a retomada da economia”

Já “a manutenção do teto ratificará a redução da taxa de juros neutra da economia, reduzindo o esforço fiscal necessário para estabilizar a dívida pública ao longo do tempo”.

Nos cálculos de Schneider, “mantido o formato atual, a estabilização estrutural da dívida pública só ocorrerá a partir de 2023, tal que uma mudança que permitisse um crescimento do gasto no mesmo ritmo de crescimento da economia, por exemplo, exigiria um aumento de carga tributária de no mínimo 1,0% do PIB e dificultaria significativamente o retorno do país ao grau de investimento, contribuindo para manter elevado o custo de capital”.

O economista sustenta que “o principal mérito do teto de gastos é explicitar a restrição orçamentária da sociedade, exigindo que se determinem prioridades no orçamento público. Governar é escolher e não simplesmente transferir os encargos para gerações futuras”, sublinha.

Pedro Schneider destaca ainda “que as principais demandas em gastos com saúde, educação, segurança e investimentos públicos são atendidas majoritariamente pelos governos regionais, que não estão sujeitos ao teto de gastos, mas tem seu orçamento comprometido com o elevado peso de Previdência e Pessoal a nível sub-nacional”

Para o Itaú, “as medidas já encaminhadas, como a reforma da Previdência e o combate às fraudes previdenciárias, cumprem 47% do ajuste implícito no teto de gastos. As medidas propostas no orçamento de 2020, envolvendo o gasto com funcionalismo e os reajustes reais ao salário mínimo, se mantidas nos próximos anos, podem garantir o cumprimento do teto de gastos até 2026”, acrescenta.

Bradesco prevê PIB estável no 3º tri

Ao analisar os dados divulgados quinta-feira pela Anfavea, com queda de 6,5%, na margem, na produção de veículos em agosto, com queda tanto em automóveis quanto em caminhões, decorrentes da retração do mercado argentino e da queda de 3,2% na demanda doméstica, com os estoques seguindo em níveis elevados, o Departamento Econômico do Bradesco considera que “os dados correntes [da economia] sugerem que o PIB do terceiro trimestre ficará próximo à estabilidade”.

O setor automobilístico vinha sendo um dos motores do crescimento da indústria. Com o encalhe dos estoques, a produção vai reduzir a velocidade.

O PIB caiu 0,1% no 1º trimestre e subiu 0,4% no 2°. Bradesco, Itaú e Santander esperam crescimento de 0,8% no ano.

Com queda no período de julho a setembro, a economia tem de aquecer no trimestre outubro-novembro-dezembro. FGTS, PIS e 13] podem puxar a demanda. Pelo lado da oferta, a recuperação da produção da Petrobras e da Vale podem compensar a desaceleração da indústria automobilística, que afeta ampla cadeia de fornecedores.

Inflação sob controle

A alta de 3,65% na energia elétrica residencial, que elevou em 1,19% o custo da Habitação em agosto, impediu que o Brasil tivesse novamente deflação em agosto. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice da inflação oficial que mede a cesta de consumo para as famílias com renda mensal até 40 salários mínimos (R$ 39.920), subiu 0,11% sobre julho.

Como em agosto de 2018 tinha havido deflação de 0,09%, a taxa em 12 meses elevou-se ligeiramente de 3,22% em julho para 3,43% em agosto. Mas ainda bem abaixo da meta de inflação de 4,25% (em 2019) e de 4,00% (em 2020).

Se as chuvas ajudarem a apagar focos de incêndio pelo país afora e a restaurar o fluxo de água nas nascentes dos principais rios que têm aproveitamentos hidrelétricos, até o fim do ano a tarifa de energia cairá da bandeira vermelha e abrandará as pressões na inflação.

A queda do dólar, pela acomodação do mercado argentino e pela atuação firme do Banco Central no Brasil, pode terminar de pavimentar o cenário para a queda dos juros em 18 de setembro e 30 de outubro. Nos Estados Unidos, o esfriamento do mercado de trabalho abre espaço para o Fed reduzir as taxas dia 18, três horas antes do Copom tomar sua decisão.

As cidades com mais ou menos inflação

Na lista das 16 capitais e regiões metropolitanas em que o IBGE pesquisa a variação de preços no país, a maior inflação em 12 meses pelo IPCA foi de Fortaleza, com 4,43% em agosto (influenciado pela alta acumulada de mais de 16% na energia elétrica, sendo 9% só em agosto), um ponto percentual acima dos 3,43% da média nacional. As menores taxas do IPCA em 12 meses foram registradas em Curitiba (2,78%) e Goiânia (2,86%).

Já no INPC, que registra a cesta de consumo das famílias com renda até cinco salários mínimos R$ 4.990, o recorde foi novamente em Fortaleza, onde ontem o ministro da Economia foi fazer palestra para 600 empresários (4,44%). No INPC, que baliza os reajustes do salário-mínimo, a média nacional foi de 3,28%. Quatro capitais estavam com inflação abaixo de 3% em 12 meses: Brasília tinha a menor, 2,51%, seguida de Curitiba (2,655), Campo Grande (2,94%) e Rio de Janeiro (2,99%).

As cidades que concentram as maiores rendas

As tabelas do IBGE sobre o IPCA (40 SM) e o INPC (5 SM) trazem informações adicionais sobre como está distribuída a renda do país pelas capitais e grandes regiões metropolitanas

Pelo perfil do IPCA, a região metropolitana de São Paulo concentra 30,67% da renda nacional entre as 16 regiões pesquisadas. O Grande Rio abriga 12,06% da renda. A Grande Belo Horizonte detém 10,86%, somando 53,59% (mais da metade do universo).

Já quando pesquisa os estratos de renda mais baixa (INPC), a concentração na Grande São Paulo cai para 24,24% do universo (o que ressalta o maior poder aquisitivo dos paulistanos e municípios no entorno). No Rio o contraste é ainda maior, com queda de 12,06% para 7,38%.

Chama a atenção, no entanto, o fato de que, na mediação do INPC, a Grande BH supera o Grande Rio, com 10,6% da amostragem do IBGE.

Porto Alegre tem 8,40% de participação (peso) no IPCA e de 7,38% no INPC; Curitiba tem 7,79% e 7,29%, respectivamente.

Nordeste concentra renda mais baixa

No Nordeste fica claro como há mais peso da população de baixa renda.

Salvador, que é a maior região metropolitana da região, tem peso de 6,12% no IPCA e de 8,75% no INPC (renda até cinco salários mínimos). Em Recife, os índices são de 4,20% e 5,38%, enquanto em Fortaleza o peso do IPCA é de 6,12% e o do INPC é de 5,42%.