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Santander analisa a nova atuação do BC no mercado cambial

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As turbulências no mercado de câmbio, causadas pela valorização do dólar diante das incertezas sobre a continuidade de uma baixa vigorosa na queda dos juros nos Estados Unidos (o que segue atraindo mais aplicações para os títulos do Tesouro americano, valorizando sua moeda) e amplificadas pelo colapso econômico e político do governo Macri, na Argentina, provocaram uma disparada do dólar no vizinho com reflexos no Brasil.

O impacto foi de tal ordem (apesar da ligeira baixa hoje, pela reação positiva do mercado argentino às intervenções do banco central local, o dólar segue acima de R$ 4) que o Banco Central brasileiro teve de mudar sua atuação, voltando a intervir vendendo dólares no mercado de câmbio à vista, em lugar das operações de swaps cambiais (recompra futura).

O que muda no mercado? Vejam esta interessante e serena análise do departamento econômico do espanhol Santander, banco do qual o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, era diretor de Tesouraria até outubro de 2018, quando foi convidado por Paulo Guedes para o cargo.

Acordo Mercosul-UE sob risco

Na análise, o Santander lembra o risco de a vitória da chapa Fernandez-Kirchner (Christina) “culminar, mais uma vez, em medidas populistas, o que poderia incluir a revisão de compromissos anteriormente firmados, como por exemplo com o FMI e, mais importante, o acordo de integração comercial entre União Europeia e Mercosul” (já criticado por Fernandez).

Mais adiante, o estudo do Santander sublinha: “Como a candidatura favorita à vitória nas eleições argentinas pode atrapalhar as intenções do Brasil de se tornar uma economia mais aberta, vimos o ministro da Economia Paulo Guedes afirmar que o país deixaria o Mercosul em caso de concretização deste cenário. Como se pode perceber, o Brasil agora conta com uma nova fonte de preocupação no âmbito internacional”.

Retorno a 2012

“A última vez que o Banco Central do Brasil interveio no mercado de câmbio foi em 2012 (quando o real teve a maior valorização diante do dólar na gestão do PT, com uma relação de R$ 1,6 por dólar em meados daquele ano), quando o nível de reservas internacionais somava cerca de US$ 239 bilhões. Desde então, sempre que era necessário atuar neste mercado, a autoridade monetária recorria a instrumentos derivativos ou leilões de linha com compromisso de recompra, evitando vender dólares no mercado à vista”.

“Com isso, o volume de reservas atingiu cerca de US$ 389 bilhões, ao passo que os swaps cambiais chegaram a US$ 69 bilhões (ou seja, uma exposição cambial líquida de US$ 320 bilhões para o BCB). Na quarta-feira passada, 14 de agosto, entretanto, o BCB anunciou que retomará intervenções no mercado de câmbio à vista, combinadas com ofertas de swaps cambiais reversos (equivalentes à compra de dólares no mercado futuro), após identificar no mercado maior demanda por dólares e menor procura por derivativos cambiais”.

“Em termos de impacto, a exposição cambial líquida do BCB continuará a mesma, o que tende a ser neutro para o nível final da taxa de câmbio; porém, a medida deverá eliminar uma fonte artificial de pressão sobre o câmbio no curto prazo, devido ao fato da moeda brasileira não ser totalmente conversível”.

Leque de opções maior

“Conforme exposto por um membro da diretoria do BCB, “a proposta não tem por objetivo, necessariamente, reduzir a carteira de swaps no balanço do BCB, muito menos deixar de utilizar esse instrumento, objetivando apenas atender a potencial demanda por dólar à vista, colaborando para o bom funcionamento do mercado de câmbio”.

“Portanto, apesar da apreensão inicial dos participantes do mercado, a nova forma de atuação do BCB não deverá interferir na trajetória subjacente da taxa de câmbio, independentemente da direção que ela seguir. Porém, aumentará o leque de instrumentos por meio dos quais o BCB poderá estabilizar o mercado cambial em momentos de comportamento disfuncional”, conclui o Santander.

Por que não falo de bitcoins

Recebi mensagens de alguns leitores indagando porque não mencionei imóveis e bitcoins entre as alternativas de investimentos de risco.

Sobre imóveis cabe uma coluna especial. Sem dúvida, a queda dos juros (para os investidores) induzirá mais investimentos neste mercado se houver queda proporcionar nas taxas de financiamento. E isso vai afetar a taxa de recorno dos imóveis. Com 0,4¨de rendimento bruto do DI, um retorno de 0,3% mensal no aluguel já será fantástico. O problema são os custos do condomínio e demais taxas...

Quanto aos bitcoins, minha reticência é antiga. Não posso acreditar em mercado sem um mínimo de regulação, e supervisão de bancos centrais ou equivalentes à Securities Exchange Comission e à nossa CVM.

Tem aspecto de pirâmide, valorização (e queda) de pirâmide e não é pirâmide?

Melhor jogar poquer pela internet.