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Mercado aposta que Copom baixe Selic 0,25% dia 31

Itaú espera baixa de 0,50%, com Selic em 5% antes de dezembro de 2020

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Na véspera do 1º dia de reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), dias 30 e 31 de julho, o Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo BC, mostrou o mercado apostando numa queda de 0,25 ponto percentual da taxa Selic nesta semana e reduzindo a taxa esperada para 2020, de 5,75% para 5,50% mesmo nível previsto para dezembro deste ano. Maior banco brasileiro, o Itaú segue apostando em queda maior, de 0,50 p.p, com nível de 5,00%, alcançado na reunião de novembro, mantido até o final do ano que vem.

Na análise da sua justificativa, o economista chefe do Itaú, Mário Mesquita, que já participou do Copom como Diretor de Política Monetária, lembra que “o comunicado e a ata da última reunião do Copom descreveram nova piora na tendência de recuperação da atividade econômica, reconhecendo que esse processo sofreu interrupção”. Também “caracterizaram o cenário externo como menos adverso” (...) para a política monetária das principais economias no mundo”. E a inflação era favorável. O único senão era “o risco de uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira”.

Para Mesquita ao fazer essa ponderação, o comitê apresentou “uma sinalização clara de que a flexibilização monetária seria retomada em caso de avanço concreto na agenda de reformas. Como “esse “avanço concreto” ocorreu logo antes do recesso parlamentar, sob a forma de aprovação, por maioria expressiva, em 1º turno da reforma da Previdência pela Câmara dos Deputados (...) consideramos que foi atendida a condição básica para que o Copom reduza a taxa Selic na decisão do dia 31 de julho. Mais do que isso, acreditamos que a evolução do cenário passou a ser consistente com um início de ciclo mais intenso, com corte de 0,50 p.p”.

Sinal verde para baixa de juros

E ele arremata que desde a última reunião, se consolidou nas últimas semanas “nos mercados globais a perspectiva de que as políticas monetárias devem se tornar mais estimulativas – e, em particular, de que o banco central americano deve fazer um corte de 0,25 p.p. ao final deste mês, poucas horas antes da decisão do Copom”. Assim Mesquita acha que o Banco Central estará confortável, diante da falta de riscos inflacionários e da fraqueza da economia, para um lance mais ousado da política monetária.

Ele rebate o argumento de que um movimento mais parcimonioso, de apenas 0,25 p.p., seria mais consistente com a comunicação das autoridades, em especial no que se refere à menção, em documentos oficiais, da importância de se observar a evolução da economia ao longo do tempo, “com redução do grau de incerteza a que continua exposta”. Para ele “um movimento de 0,50 p.p., que está longe de exaurir o orçamento de cortes estimado (dado pela diferença esperada entre a projeção e as metas de inflação no horizonte relevante), também é consistente com tal objetivo, e estaria mais alinhado ao comportamento do balanço de riscos observado desde a última reunião do Copom”, comportamento “evidenciado, entre outros desenvolvimentos, pela trajetória do prêmio de risco (CDS) e da taxa de câmbio, bem como das inflações implícitas mais longas. Olhando mais à frente, esperamos que a queda de 0,50 p.p. da taxa Selic no dia 31 de julho seja seguida por outros dois cortes de mesma magnitude nas reuniões de setembro e outubro, levando a taxa básica de juros ao patamar final de 5% a.a. antes do fim desse ano”.

Destaques da semana econômica

Já o Bradesco aposta numa queda de apenas 0,25 p.p. com um comunicado que condicionará as decisões futuras à evolução dos dados econômicos (sua previsão é de que os juros básicos fecharão 2019 e 2020 em 5,50% ao ano). Os dados mais importantes serão, a divulgação, quarta-feira, pelo IBGE, dos dados sobre o desemprego de junho (o Bradesco espera que a taxa caia para 12,1%, contra 12,3% na pesquisa de maio). Na quinta-feira, com os dados já de conhecimento prévio do BC, sairá a pesquisa sobre a produção industrial de junho (o Bradesco prevê queda de 0,5% na margem).

Outro dado importante e que dará maior conforto ao Copom para avançar na queda dos juros será a decisão do FOMC (o Federal Open Market Committee dos EUA). O Bradesco espera uma queda de 0,25 pp (previsão quase unânime do mercado) e um comunicado sugerindo cautela nos próximos passos. Isto por que os dados do mercado de trabalho nos EUA (Payroll), a serem divulgados na sexta-feira, devem continuar mostrando “um ambiente aquecido”.

Já na Área do Euro, os dados divulgados ao longo da semana deverão reforçar a leitura de cenário de atividade fraca e inflação comportada; com destaque, na quarta-feira, para o PIB preliminar do 2º trimestre e, na quinta, para os dados finais de atividade industrial de julho (PMI). Isso indica que os controles monetários serão alargados e os juros vão ficar baixo na área do euro e de outras economias importantes e que competem com o Brasil.

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Copom | mercado