ASSINE
search button

Mercado espera deflação em junho

Se Copom não baixar Selic, juro real aumenta

Compartilhar

Segundo o Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, 24, pelo Banco Central, o mercado fez ligeiras revisões baixistas para o PIB deste ano e para o IPCA de 2019 e 2020. A mediana das projeções para o PIB deste ano passou de 0,93% para 0,87%, enquanto a do próximo ano permaneceu em 2,20%. Bradesco e Itaú estão prevendo PIB de apenas 0,80% este ano.

Em relação à inflação, a mediana das expectativas passou de 3,84% para 3,82% em 2019 e de 4,00% para 3,95% em 2020. Para o mês de junho, o mercado está prevendo deflação de -0,02% no IPCA. Como a taxa foi de 1,26% em junho de 2018, no auge da greve dos caminhoneiros, isso significa que a taxa de 12 meses vai levar um tombo, caindo dos 4,66% registrados em maio para 3.10%. Nas projeções das Top 5, o grupo de cinco instituições que mais acertam as previsões, a deflação do IPCA será ainda maior: de -0,04%.

Com inflação em queda juros reais vão subir

Para julho e agosto as taxas esperadas pelo mercado e pelas Top 5 serão bem menores que os índices de 2018, o que levará a taxa anual de inflação a correr na faixa de 3% ou até menos.

Se o Banco Central não antecipar para a reunião do Copom de 30 e 31 de julho a redução esperada na Selic dos atuais 6,50% ao ano para setembro (18 e 19), estará provocando forte alta dos juros reais (descontada a inflação).

Com a Selic atualmente em 6,50% e a projeção de inflação de 3,56% nos próximos 12 meses, segundo a pesquisa Focus desta semana, a taxa de juros real brasileira seria de 3,54%, a 7ª mais alta do mundo, segundo ranking da Infinity Asset Management.

A liderança é da Argentina, com 11,34%, seguido da Turquia, com juros reais de 8,04%. À frente do Brasil estão ainda a Índia, Indonésia, Rússia e México.

Se a taxa de juros caísse para 5,75%, o juro real viria para 2,114%. Quanto mais rápido o Banco Central antecipe a queda dos juros, mais estímulo a economia teria. Manter os juros estacionados com a inflação em queda é um baita contrassenso para a economia em desaceleração e desemprego em alta.

Muitos economistas acham que a insistência do Copom em vincular a queda dos juros à aprovação da reforma da Previdência pode ser um tiro pela culatra e gerar mais resistências ao avanço da reforma, que necessita de 308 votos no plenário da Câmara dos Deputados.

As projeções para a taxa Selic permaneceram em 5,75% para o final deste ano e em 6,50% para o final de 2020, taxas também previstas pelo Departamento Econômico do Bradesco. O Itaú prevê queda da Selic para até 5% este ano, nível mantido até dezembro de 2020.

Por fim, as medianas das expectativas para a taxa de câmbio no final deste ano e do próximo seguiram em R$/US$ 3,80.

Destaques da semana na economia

O Depec Bradesco fez um resumo em seu “Boletim Diário” de hoje, 24 de julho, dos destaques da economia esta semana.

“No Brasil, as atenções estarão voltadas para os documentos do BC e dados de atividade e inflação; no exterior, as negociações entre EUA e China no G-20 terão destaque

Em semana bastante carregada, teremos as divulgações de documentos oficiais do Banco Central: ata do Copom (amanhã) e o Relatório Trimestral de Inflação (na quinta, 27 de junho), cuja divulgação será sucedida por entrevista coletiva da diretoria do BC. Depois da decisão de manutenção da Selic na semana passada, os agentes buscarão sinais sobre possíveis reduções de juros à frente.

Também no dia 27, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidirá a meta de inflação para 2022, que pode recuar dos 3,75% previstos para 2021, para 3,50%.

Os dados correntes da economia que serão divulgados na semana deverão reforçar a percepção de atividade econômica fraca e inflação sob controle, o que também já tem sido reconhecido pelo BC.

Para o IPCA-15 de junho, Bradesco estima alta de 0,11%.

Serão conhecidos os dados de maio do mercado de trabalho: PNAD Contínua (estimamos desemprego em 12,2%) e Caged (o Bradesco espera geração de 65 mil postos de trabalho).

Teremos, ainda, as notas do BC, todas referentes a maio (setor externo, crédito e contas públicas), além das sondagens de junho da FGV, referentes a junho.

Contas externas pioram em maio

Nos dados divulgados nesta segunda-feira pelo BC, o resultado das contas externas em maio foi pior que o esperado. O superávit em conta corrente [balança comercial + serviços e renda de capitais] ficou em US$ 662 milhões [abaixo dos US$ 850 milhões previstos pelo Itaú e dos US$ 900 milhões de maio de 2018. O superávit de US$ 5,7 bilhões no mês ficou acima dos US$ 5,6 bilhões de maio do ano passado. No ano, refletindo o impacto da redução de compras da China, o saldo ficou 6,3% inferior aos primeiros cinco meses de 2018.

As contas de serviços tiveram déficit de US$ 3 bilhões, repetindo o resultado de abril, mas com aumento de 9,3% frente a maio de 2018.

Outro dado negativo foi o ingresso de US$ 7,1 bilhões em investimentos diretos estrangeiros no país, abaixo dos US$ 8,5 bilhões previstos pelo Itaú.

Mas, nos primeiros cinco meses os ingressos somaram US$ 35,1 bilhões, bem acima dos US$ 26,9 bilhões em igual período do ano passado. Em 12 meses, os ingressos somaram US$ 96.6% bilhões, equivalentes a 5,9% do PIB. O Itaú previa US$ 98 bilhões.

.

Reunião do G-20 e guerra comercial

Na agenda internacional, as atenções estarão voltadas para as negociações comerciais entre EUA e China, que poderão ser retomadas no encontro do G-20, que terá início na sexta-feira.

Um acordo entre as duas potências resultaria em melhores perspectivas para o comércio mundial e retomada da confiança, podendo amenizar a desaceleração da atividade global em curso, que deve ser confirmada ao longo da semana pelos indicadores antecedentes dos EUA e da Europa referentes a junho