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Bradesco: meta de inflação menor pode gerar nova baixa de juros

CMN decide dia 30 se meta cai para 3,5% em 2020

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No final de junho o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai definir a meta de inflação para 2022. Depois de ficar estacionada por mais de uma década (2005 a 2018) em 4,50%, está em 4,25% para 2019, cai para 4,00% em 2020 e desce a 3,75% para 2021. Em estudo do economista Robson Rodrigues Pereira, o Departamento Econômico do Bradesco considera que uma eventual redução adicional para 3,5% aproximaria o Brasil dos países emergentes com melhor reputação e não impediria uma nova rodada de baixa dos juros ainda este ano, se as projeções de inflação para este e os próximos ano permitirem, como indica nosso cenário base.

Para o Depec, as sinalizações de baixa recente “tiveram papel relevante no processo de fortalecimento da credibilidade da política monetária e que são fruto de aspectos de natureza endógena e exógena à política monetária, que viu naquele momento uma oportunidade de acelerar a convergência da inflação brasileira para padrões internacionais”.

O estudo assinala que “a recuperação da credibilidade da política econômica como um todo (também relacionada ao esforço fiscal), a forte desinflação observada naquele mesmo ano (favorecida pela excepcional oferta mundial de grãos) e um quadro internacional com baixas pressões de preços nas principais economias combinam aspectos de ambas as naturezas”.

Robson Pereira destaca que “o movimento de anúncio prévio de um objetivo menor de inflação para alguns períodos à frente está inserido na literatura dos chamados choques antecipados. A literatura tem apontado que choques antecipados – de política monetária, demanda, oferta ou na meta de inflação – têm impactos relevantes e imediatos sobre a economia, através do canal de expectativas dos agentes econômicos. Assim, seus efeitos já se fazem sentir antes mesmo da efetiva materialização desses choques, alguns períodos à frente”

Segundo o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, quando foi feito, em 2018, o anúncio da meta mais baixa para 2021, o efeito foi uma “redução de 0,4 p.p. dos juros nominais relevantes para a política monetária, em termos anualizados”.

Os impactos positivos da redução da meta não se limitam aos juros de curto prazo (taxa Selic). O Bradesco destaca que “as taxas mais longas na curva de juros – as que efetivamente afetam as decisões dos agentes econômicos – também tendem a ser impactadas pelo anúncio antecipado de redução da meta de inflação”

Ele cita o caso de uma taxa de juros de 5 anos negociada hoje reflete as expectativas para a taxa básica de juros de hoje até 5 anos à frente, acrescidas de um prêmio de alongamento, que remunera o investidor por abrir mão da liquidez imediata que teria em uma aplicação de curtíssimo prazo e por eventuais riscos relacionados a essa aplicação mais longa, específicos e macroeconômicos. 

Meta menor aceleraria baixa de juros no longo prazo

Para o Bradesco, o anúncio de uma taxa de 3,5% para a meta de inflação de 2022 poderia provocar uma antecipação de queda de 12 trimestres na queda dos juros de longo. O banco estima que, “para cada 100 pontos-base (p.b) de redução antecipada na meta, taxas de 5 anos tenham queda máxima de 64 p.b., se outros choques não ocorrerem ao mesmo tempo, com impactos mais persistentes do que choques convencionais de juros, demanda ou de oferta”.

Os efeitos de juros longos mais baixos sobre a economia tendem a ser bastante relevantes, em termos de custo de financiamento, desenvolvimento do mercado de capitais e precificação dos ativos financeiros. A redução da meta de inflação de 2021 para 3,75% constituiu um importante avanço institucional, mas ainda mantém o país acima da mediana de metas em uma amostra com 23 países selecionados. A nova redução poderia colocar o Brasil na média das nações mais desenvolvidas e com economia mais estáveis. Ou seja, apta a pleitear o ingresso na OCDE.

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(Foto: Reprodução)

Para o Depec Bradesco, uma “redução da meta de 2022, (...) não seria impeditivo para um afrouxamento monetário no segundo semestre”. E acrescenta que “os efeitos expansionistas de quedas de juros sobre a atividade econômica e os preços seriam compensados por revisões baixistas adicionais nas expectativas de inflação para horizontes maiores”.

O banco lembra que como o ano de 2022 está substancialmente distante do horizonte típico de política monetária, isso torna o cenário ideal para reavaliação da meta: ganha-se em convergência praticamente sem custos de curto prazo. Assim, a “continuidade do processo de convergência da meta para padrões internacionais constituiria vetor adicional de recuperação da confiança econômica, com impactos positivos sobre a economia” brasileira.

O que se espera mesmo é a pressão do Banco Central para a redução dos juros bancários. Que pouco caíram com a baixa da meta e da Selic.

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