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Produção do pré-sal cresce 7% e salva Petrobras e o Brasil

Extração de petróleo em terra e demais campos cai 16,6%

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Os dados da Petrobras no 1º trimestre comprovam. A produção de 1,036 milhão de barris-dia de petróleo do pré-sal, que alcançou 52,5% da produção nacional, salvou a estatal e o país. A extração de óleo do pré-sal (nas bacias de Santos e Campos) cresceu 7% em relação a igual período de 2018. Há um ano, os campos de terra, águas rasas e campos do pós sal e águas ultra profundas (Bacia de Campos) respondiam por 54% do total, contra 46% do pré-sal. Com a queda de 16,6% na produção dos campos mais antigos (e a venda de algumas unidades produtoras para outras empresas), a produção geral da estatal encolheu.

No balanço divulgado ontem, a produção da estatal no Brasil em petróleo, LGN e Gás Natural caiu para 2,460 milhões de barris de óleo equivalentes-dia, uma redução de 4% frente aos 2,566 milhões do 4º trimestre de 2018 e de 5% frente ao 1º trimestre do ano passado. No exterior, a produção também caiu 16% no 1º trimestre para 78 mil barris-dia, e em 20% frente aos 98 mil barris diários de igual período de 2018.

Em relação ao último trimestre de 2018, a estatal explica que a queda se deve, “principalmente, em função da maior concentração de manutenções em plataformas no 1º trimestre de 2019 e do comissionamento dos novos sistemas do campos de Búzios, bem como pela redução da participação da Petrobras em campos nos EUA. Tais paradas, parcialmente compensadas pelo início de operação de três novas plataformas em 2019 (P-67, na área norte de Lula, e P-76 e P-77, no campo de Búzios), afetaram a produção do mês de fevereiro, com reflexos adicionais na produção até a última semana de abril, a partir de quando a produção retornou ao patamar de 2,7 milhões boed.

Cessão de Roncador baixa produção

Com relação à queda de 5% frente ao 1º trimestre de 2018, a Petrobras atribui a diminuição “principalmente, pela cessão de direitos de 25% da participação do Campo de Roncador e pela redução da participação da Petrobras em campos nos EUA, associados à maior concentração de manutenções em plataformas no 1º trimestre de 2019 e ao declínio natural de produção, tendo sido parcialmente compensadas pelo início de operação de sete novos sistemas nos últimos 12 meses, que ainda se encontram no processo de comissionamento e interligação de novos poços”, com a entrada em operação de novas plataformas. São elas: P-74, P-75, P-76 e P-77, no campo de Búzios; FPSO Campos dos Goytacazes, no campo de Tartaruga Verde; P-69, no Extremo Sul de Lula; e P-67, na área norte de Lula”.

O filão lucrativo da E&P

Quando Roberto Castello Branco foi indicado para a presidência da Petrobras, no final do ano passado, ele me disse, em entrevista ao Jornal do Brasil impresso, que “o foco dos negócios seria o pré-sal”. Dito e feito, com o plano de ampliação do desinvestimento duplicando de quatro para oito refinarias, num total de 1,1 milhão de barris dias, devido “ao baixo retorno do investimento”.

De fato, na decomposição do lucro líquido de R$ 4,240 bilhões da Petrobras no 1º trimestre, a área de Exploração&Produção exibiu lucro líquido de R$ 10,133 bilhões. A área de refino, transportes e comercialização (no atacado) auferiu R$ 1,872 bilhão. Proporcionalmente, pouco mais que os ganhos de R$ 1,043 bilhão na área de Gás&Energia. O segmento de biocombustíveis, do qual a estatal está se desfazendo, perdeu R$ 18 milhões, a área de Distribuição de combustíveis (BR Distribuidora) ganhou R4 769 bilhões.

Bem, dirá o leitor, então como o lucro murcha tanto? Por que a holding, que absorve os custos de endividamento e investimento de todas as unidades, teve perdas de R$ 9,171 bilhões. Boa parte vinculada à área de Refino, Transporte e Comercialização.

Por sinal, a área de RTC também é deficitária no exterior. Nos primeiros três meses do ano, teve perdas de R$ 79 milhões. A área de E&P ganhou R$ 13 milhões, a área de G&E lucrou 16 milhões e o ganho de R$ 369 milhões da rede de distribuição de petróleo e combustíveis no exterior contribuiu para o lucro final de R$ 319 milhões nas atividades internacionais.

O peso do leasing na dívida

O grande problema na Petrobras hoje, com a aplicação das normas da IFRS 16 é o montante de US$ 27,197 bilhões (R$ 105,979 bilhões ao câmbio de 31 de março) em arrendamentos mercantis (principalmente leasing de plataformas). Representa 34,50% do endividamento bruto de US$ 78,810 bilhões da companhia. Ou seja, tem de haver retorno para o capital. E a área de maior retorno, é o pré-sal, como frisou Castello Branco.