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Pessoas físicas sofrem mais

Reprodução -
Tabela
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Os dados do Relatório de Estabilidade Financeiras mostram ainda as pessoas físicas com indice de inadimplência de 6,5% em dezembro de 2018 (era de 8,2% em novembro de 2016), mas com distribuição muito desigual. Nas operações de juros mais baixos, como o crédito consignado (que é descontado em folha, dos aposentados do INSS, funcionários públicos ou trabalhadores do setor privado) a inadimplência era de apenas 3,4% em dezembro de 2018 (o índice máximo foi de 4,6% em janeiro de 2014. Era menor que os 4,4% da inadimplência do crédito imobiliário.

Os financiamentos de veículos, que chegaram a ter taxas superiores a 8% em 2013, fecharam com índice de calote de 4,7% no ano passado.

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Grandes empresas, grandes calotes (Foto: Reprodução)

Já nas operações com as taxas de juros mais elevadas do mercado: cartão de crédito (média total) e crédito pessoal não consignado, os índices de inadimplência eram de, respectivamente, 8,1% e 13,1%. No cartão de crédito, os juros de quem não paga o mínimo de 20% (na média, os brasileiros quitam 80% das faturas do cartão no vencimento) passa dos 300% ao ano. Para evitar a inadimplência, o Banco Central forçou, em 2017, a transferência desses débitos para uma linha de financiamento (o crédito pessoal, consignado ou não consignado).

O problema é que nos bancos regulares, onde o cliente é correntista, os juros oscilam entre 20% (consignado) a 80%, crédito pessoal. Mas as pessoas endividadas e com nome no SPC (portanto fora do Cadastro Positivo aprovado esta semana) acabam recorrendo às Crefisas da vida. A patrocinadora do Palmeiras cobra juros de 905% ao ano (21,21% ao mês), segundo levantamento do BC entre os dias 22 e 28 de março. Ou o corintiano que vai ao Agibank e paga juros de 775% ano ano (19,82% ao mês).

Fica difícil, portanto, concordar com a análise do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a principal causa dos altos spreads é a inadimplência. Nas pessoas físicas, a principal causa da inadimpência reside nos juros escorchantes, como o Relatório de Estabilidade Financeira sugere.