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Previdência: expectativa muda antes do ajuste

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O Departamento Econômico do Bradesco analisou a proposta de reforma da Previdência, visando economia de R$ 1,164 trilhão em 10 anos e de R$ 4,5 trilhões em 20. Se aprovada em dois turnos na Câmara e no Senado, com nada de substancial mudado na tramitação, nos primeiros quatro anos da medida (governo Bolsonaro) a economia seria de R$ 188 bilhões. A economia de meio trilhão só viria na metade de 2027, em oito anos. É que as principais mudanças estão associadas à criação de idade mínima e aumento do período de contribuição, ambas com transição de 12 anos entre o antigo e o novo regime.

Por isso, como escreveu ontem o colega Octávio Costa, em Coisas da Política, soa extemporânea a investida sobre o BPC, o FGTS dos empregados já aposentados e as restrições à aposentadoria rural.

Para o Bradesco, a Nova Previdência foca na diminuição de diferenças entre regimes e endereça alguns pontos de desequilíbrios dentro do sistema. Domingo, o colunista George Vidor lembrou que ela viabiliza o cumprimento do teto dos gastos e permite redução importante da relação dívida/PIB nos próximos anos. Mais do que isso, segundo o Depec, cria novo horizonte na economia, com perspectivas mais promissoras de juros básicos, com a possibilidade de equacionamento da principal fonte de déficit, abrindo caminho "para a recuperação do grau de investimento".

Imagina se o Banco Central acerta

Com a sabatina, hoje, no Senado, de Roberto Campos Neto, presidente indicado para o Banco Central, Ilan Goldfajn pode deixar antes do Carnaval o cargo que ocupa desde meados de 2016 . Admirado pelos banqueiros et pour cause eleito duas vezes o "banqueiro central do ano pela revista "Bankers", Ilan também foi escolhido a personalidade de 2018 ano na Economia pelo jornal "O Globo".

Goldfajn atribui a si e ao Copom mais importância na "administração de expectativas" do que a realidade mostra. Nos recordes desses gráficos do Depec Bradesco vê-se que a baixa da Selic, a taxa básica de juros, (dos 14,25% quando Ilan assumiu o BC, em julho de 2016, para os 6,50% vigentes desde março de 2018, tem mais a ver com a queda da inflação dos preços administrados e dos alimentos em domicílio do que a política monetária.

A inflação baixou mais pela supersafra, de 2017, e a dissipassão do choque tarifário de Dilma, em 2015, do que pela atuação do BC. Aliás, a inflação segue abaixo do centro da meta (4,25%) - o que abre espaço à queda dos juros com a reforma. Já os juros bancários, que o BC deveria cuidar, enfrentando o oligopólio dos cinco bancos que controlam mais de 85% do crédito cobrando juros escorchantes de empresas e indivíduos, ignoram a queda da Selic e da inflação sob o olhar contemplativo do BC. Com Ilan, a Selic caiu de 14,25% para 6,50% ao ano, queda de 54,39%. Os juros médios dos financiamentos a automóveis baixaram de 21,3%, em dezembro de 2016, para 16,5% ao ano, em dezembro de 2018. Queda de apenas 22,53%.

Que a rotina da Selic descer pelo elevador e os juros bancários pela escala mude na gestão Roberto Campos Neto.