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Lendas e mistérios da Amazônia

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O belíssimo samba-enredo da Portela em 2004 simboliza bem as dimensões gigantescas das fabulações sobre a Amazônia. Entre fantasia e realidade, a cobiça sobre as riquezas da região, que seria o berço do Eldorado, é tema recorrente, como agora manifesta o general Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, que colocou a Abin para espionar os bispos da Amazônia. Não à toa, o samba tem os versos "rios, cachoeiras e cascatas". Veja algumas delas.

Foi assim na navegação fluvial da Amazônia, iniciada pelo americano Percival Farquhar, criador da Itabira Iron Ore Company, que viria ser a estatal Vale do Rio Doce. Farquhar desbravou a região, a partir da implantação do porto de Belém, e da fracassada ferrovia Madeira-Mamoré (em Rondônia, no começo do século passado). Depois, na campanha da borracha e na Fordlândia.

No século passado, as profecias do gordo Herman Khan, do Hudson Institute, subvencionado pelas organizações Rand, que concebeu, nos anos de chumbo da ditadura Médici a ideia de internacionalização da Amazônia com a construção de grandes lagos, como refúgio em caso de uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética, aguçaram as visões nacionalistas de esquerda e de direita sobre a região.

A internacionalização virou ameaça concreta aos nacionalistas quando vasta área do Amapá na divisa com o Pará, quase igual à de Sergipe, foi comprada, em 1967, pelo bilionário americano Daniel Keith Ludwig, para instalar o projeto Jari. Ludwig queria desmatar a região e implantar florestas de gmelina (árvore vinda da Guiana) para produzir celulose em alta escala. Trouxe fábrica pronta do Japão, que entra em verso na música "Bye,bye Brasil", de Chico Buarque ("puseram uma usina no mar, talvez fique ruim pra pescar"...)

O projeto foi um fiasco. A gmelina deu lugar ao eucalipto. Ludwig jogou a toalha em 1981 e passou o projeto em 1982 a um pool de duas dezenas de empresas brasileiras lideradas por Augusto Trajano de Azevedo Antunes, dono da Caemi, que ficou com o melhor do Jari, a jazida e fábrica de caulim. Mas os militares que já tinham lançado a ideia da fracassada Transamazônica no governo Médici, em 1972, que compreendia agrovilas para assentamento de retirantes da seca do Nordeste, cortaria o Maranhão, o sul do Pará e do Amazonas até quase o Acre. Mal acabou em Itaiutuba (PA), mas foi a porta de entrada à devastação da Amazônia.

No final de 1973, os militares lançaram a Perimetral Norte, cortando Amapá, Pará ao norte, Roraima e norte do Amazonas, até a fronteira com a Colômbia, na região conhecida como "cabeça do cachorro". A obra facilitou a importação de máquinas das empreiteiras via Zona Franca de Manaus, mas não foi à frente. Uma das empreiteiras, porém, a Paranapanema (famosa nos anos 80 e 90 como a estrela dos pregões da Bovespa) descobriu em Pitinga, ao abrir trechos da estrada, uma big reserva de cassiterita, mineral do estanho, de alto teor.

A Perimetral não foi adiante, mas no governo Sarney os militares implantaram o projeto Calha Norte (cogitado desde o governo Figueiredo) para povoar a fronteira com Venezuela, Colômbia e Peru. Mais tarde, em 1999, o programa foi ampliado para quase 400 municípios, virando uma das meninas dos olhos dos fardados.

Essa visão da eterna cobiça externa sobre a Amazônia é comungada pelo presidente Bolsonaro que insiste no 'Triple A", que incluiria terras do Brasil, Peru, Colômbia e Venezuela, e pelo General Heleno do GSI, que agora desconfia do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, convocado em 2017 pelo Papa Francisco e que terá lugar em outubro, em Roma, com representantes da Igreja que atuam em vários países da região. Heleno foi comandante do Exercito na Amazônia até 2009. O vice-presidente Hamilton Mourão, que também serviu na maior região do país, que concentra apenas quase 17 milhões de brasileiros, já chegou a admitir, em 2017, internacionalização e venda de parte da região.

Das lendas à realidade, a verdade é que a grande destruição da Amazônia é feita há, décadas, pelos madeireiros, garimpeiros, fazendeiros e grileiros brasileiros que derrubam as matas para formar pastagens para o gado de corte, no Maranhão, sul do Pará e do Amazonas, Rondônia e Acre.

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Lobby afia as garras na Previdência

Ninguém se iluda. O montante maior do déficit global de R$ 260 bilhões da Previdência é dos segurados do INSS. Mas os salários vão até R$ 5.839,45. E o déficit, que se acentuou quando a grande recessão de 2015-16 alijou 14 milhões de brasileiros da carteira assinada (minguando a arrecadação patronal e dos trabalhadores) pode reverter, em parte, quando a economia melhorar.

O cerne do déficit continua sendo o funcionalismo civil e militar, nas três esferas de poder, onde o teto salarial passa do teto do funcionalismo atual R$ 39,3 mil, após o reajuste de 16,3% aos ministros do STF. Eles crescem exponencialmente, porque quase não há demissão no serviço público e os salários pegam carona em benesses como as do Judiciário ou do Legislativo. Auditores fiscais, policiais federais e membros do MP já estão levantando argumentos para por na mesa tão logo o governo feche a proposta de reforma da Previdência. Esse embate já soterrou outras propostas.

Cada qual quer defender seu quinhão, arguindo que a reforma vai tirar direitos dos bagrinhos da Previdência. A causa é geral, não cabe defender privilégios como aposentarias precoces e isenções. O Judiciário, por exemplo, tem largos períodos de recesso ao longo do ano que permitem curtas viagens de lazer aos funcionários. Quando chega o período das férias mensais (que pode ser dispensável), quem não goza as férias conta o tempo em dobro. Pode isso, Arnaldo?

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A matemática da Febraban

A Federação dos Bancos não se emenda. Sua matemática já tentou provar que a queda percentual dos juros foi maior que a da Selic (esta caiu 54%, a taxa dos bancos não chegou a 30%). Agora quer dizer que o recolhimento compulsório está aumentando usando números absolutos de 2018 e de 2010 ou 2015. A matemática da Febraban usa apenas o numerador e ignora o denominador (o total dos meios de pagamento). Como proporção, houve baita queda. Pena que na hora de cobrar os juros os bancos sejam impiedosos. Aplicam os juros compostos (o anatocismo dos juros sobre juros) que chegam a 300% ao ano no cheque especial e a quase isso no cartão de crédito.


Lobby afia as garras na Previdência

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Ninguém se iluda. O montante maior do déficit global de R$ 260 bilhões da Previdência é dos segurados do INSS. Mas os salários vão até R$ 5.839,45. E o déficit, que se acentuou quando a grande recessão de 2015-16 alijou 14 milhões de brasileiros da carteira assinada (minguando a arrecadação patronal e dos trabalhadores) pode reverter, em parte, quando a economia melhorar.

O cerne do déficit continua sendo o funcionalismo civil e militar, nas três esferas de poder, onde o teto salarial passa do teto do funcionalismo atual R$ 39,3 mil, após o reajuste de 16,3% aos ministros do STF. Eles crescem exponencialmente, porque quase não há demissão no serviço público e os salários pegam carona em benesses como as do Judiciário ou do Legislativo. Auditores fiscais, policiais federais e membros do MP já estão levantando argumentos para por na mesa tão logo o governo feche a proposta de reforma da Previdência. Esse embate já soterrou outras propostas.

Cada qual quer defender seu quinhão, arguindo que a reforma vai tirar direitos dos bagrinhos da Previdência. A causa é geral, não cabe defender privilégios como aposentarias precoces e isenções. O Judiciário, por exemplo, tem largos períodos de recesso ao longo do ano que permitem curtas viagens de lazer aos funcionários. Quando chega o período das férias mensais (que pode ser dispensável), quem não goza as férias conta o tempo em dobro. Pode isso, Arnaldo?


A matemática da Febraban

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A Federação dos Bancos não se emenda. Sua matemática já tentou provar que a queda percentual dos juros foi maior que a da Selic (esta caiu 54%, a taxa dos bancos não chegou a 30%). Agora quer dizer que o recolhimento compulsório está aumentando usando números absolutos de 2018 e de 2010 ou 2015. A matemática da Febraban usa apenas o numerador e ignora o denominador (o total dos meios de pagamento). Como proporção, houve baita queda. Pena que na hora de cobrar os juros os bancos sejam impiedosos. Aplicam os juros compostos (o anatocismo dos juros sobre juros) que chegam a 300% ao ano no cheque especial e a quase isso no cartão de crédito.


Tempo de saudade

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Vá com Deus Boechat, companheiro de matérias no Jornal do Brasil quando me chamou para participar de investigações na distribuição viciada de processos no TJ-RJ, em 2004. Ainda acabamos vítimas de processo, depois arquivado. Ricardo, não deixe de atuar aí em cima.


Tempo de férias

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A Bradesco Auto RE lançou aplicativo que facilita o aluguel de carro na Localiza Hertz a seus mais de 1,4 milhão de segurados. De amplitude nacional, o serviço ainda dá desconto de 5% na melhor tarifa do dia. E em caso de roubo/furto ou danos, ainda dá direito a carro reserva.