O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

LCA mantém previsão de alta de 0,7% no PIB

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Publicado em 19/01/2022 às 14:08

Alterado em 19/01/2022 às 14:08

Gilberto Menezes Cortes CPDOC JB

Apesar dos resultados mais animadores do setor de serviços em novembro (alta de 2,4% no volume sazonal sobre outubro, segundo o IBGE) e de comércio (+0,6% no varejo restrito e +0,5% no varejo ampliado), após um trimestre de queda e a alta de 0,69% em novembro no IBC-Br, do Banco Central, os analistas de bancos, consultorias e dos principais institutos de pesquisa não parecem ter muitas dúvidas sobre o desempenho do PIB em 2021. As apostas variam de 4,70% (Bradesco) a 4,60% (Santander) a 4,4% (Itaú e LCA Consultores). A FGV, que avaliou crescimento de 1,8% no PIB em novembro, manteve a aposta de que o PIB de 2021 avançará 4,4%.

Para 2022 ainda há muita divergência: de -0,5% (Itaú); +0,30% na média do mercado, segundo a Pesquisa Focus; + 0,75% (Bradesco) e +0,7% (Santander e LCA). Ontem, a LCA reavaliou o cenário, prevendo turbulências nos primeiros meses deste ano, em função dos impactos da Ômicron e dos efeitos climáticos do excesso de chuvas do Sudeste para cima e da seca prolongada nos estados do Sul e em Mato Grosso do Sul. Por isso, a LCA reconhece que “a economia teve desempenho melhor que o esperado em novembro - o que desarmou uma revisão para baixo na nossa projeção para o crescimento do PIB do 4º trimestre de 2021”, mas o efeito foi dispensar “(por ora) um rebaixamento da projeção para 2022” (mantida em +0,7%). E a consultoria enumera dados positivos e negativos:

 

1- Mobilidade urbana segue padrão

“O avanço da ômicron vem provocando forte aumento no número de casos por Covid-19 - mas, até o momento, não tem resultado em avanço substancial no número de hospitalizações e óbitos, nem tampouco provocado redução atípica dos indicadores de mobilidade urbana (sugerindo que o impacto econômico da ômicron será limitado).

 

Macaque in the trees
. (Foto: .)

 

“Isso sugere que o impacto econômico da ômicron deverá ser limitado, tanto em intensidade como em duração. Com efeito, evidências advindas de regiões onde foram detectadas as primeiras ondas da ômicron, como na África do Sul sugerem que o impacto sanitário da variante, conquanto tenha sido bastante agudo em termos de casos de infecção, vem se revelando passageiro. Se a variante apresentar padrão semelhante no Brasil, o auge de infecções será alcançado até o final de janeiro; e o número de casos recuará rapidamente ao longo de fevereiro, sem provocar aumento substancial no número de óbitos”.

“Já a revisão para baixo realizada nas estimativas oficiais para as safras de algumas culturas, sobretudo da soja - em função de condições climáticas desfavoráveis em importantes regiões produtoras - parece vir sendo relativamente compensada por estimativas mais positivas para safras em outras culturas (como café e cana). Mas, no balanço geral, isso pouco vai influir e “dispensa grandes revisões para o PIB como um todo”, sustenta a LCA.

 

Anemia econômica pede alívio nos juros

A LCA começa a se alinhar ao time dos que julgam que a anemia da economia brasileira dispensa carga maior de elevação de juros para acelerar a desinflação da economia. Muito do que subiu em 2021 foi devido ao impacto acumulado do câmbio em dois anos (quase 50% de alta do dólar/desvalorização de 35% do real) e da escalada do petróleo e outras commodities metálicas que estão sendo demandadas na economia de transição da redução dos gases de efeito estufa, conforme acertado na COP-26. A desinflação em escala mundial tende a ajudar o Brasil com a redução à faixa de 5% dos preços administrados, que se elevaram a 16,90% em 2021.

“Com a economia crescendo em ritmo anêmico, reafirmamos a avaliação de que o ajuste monetário remanescente ficará limitado a dois aumentos adicionais da taxa básica de juros, que levarão a Selic para 11,75% ao ano até o final deste 1º trimestre, mesmo num contexto em que as expectativas de inflação continuam a piorar gradativamente.

 

Macaque in the trees
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