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Destaques da música clássica em 2018

Divulgação/Vitor Kelm -
O violoncelista David Chew, idealizador do Rio Cello
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O ano de 2018 foi riquíssimo em apresentações de música clássica no Rio de Janeiro. A Orquestra Sinfônica Brasileira fez bonito com uma agenda intensa de mais de 50 concertos. Destaque para o “spalla” da orquestra, Clovis Pereira Filho, pelos primorosos solos, como em “Canto de Amor e Paz”, de Santoro. Entre as orquestras internacionais destacaram-se a Filarmônica de Dresden, sob a regência de Michael Sanderling, e a de Câmara de Viena, com Stefan Vladar - ambas trazidas pela Dell’Arte. Aliás, por ter sido um ano difícil em termos econômicos, a apresentação de excelentes concertos deveu-se em muito ao empenho de produtores, curadores e diretores que não desanimaram diante da crise e acreditaram no retorno do público.

No Theatro Municipal, Fernando Bicudo elaborou uma programação ambiciosa que agradou e lotou a casa durante o ano todo. Destaque para a grandiosa produção da sinfonia nº 2 de Mahler, “Ressurreição”, com o coro do Municipal e a Orquestra Sinfônica Brasileira sob a regência de Tobias Volkmann.

O compositor João Guilherme Ripper, além da curadoria do novo e bonito espaço musical da Casa Firjan, marcou com sua “Piedade” a temporada de óperas que teve, entre outras, “O Baile de Máscaras”, de Verdi, em uma encenação futurista que foi, no mínimo, original em termos de cenário.

Dois dos mais relevantes compositores brasileiros da atualidade, Ricardo Tacuchian e Edino Krieger, tiveram momentos especiais: o emocionante concerto em homenagem ao compositor Sérgio Roberto de Oliveira, com obras do próprio e de Tacuchian e com a participação das pianistas Miriam Grosman e Ingrid Barancoski; e as homenagens aos 90 anos de Edino Krieger, que se estenderam por vários concertos.

Entre os instrumentistas a pianista Yuja Wang foi sucesso total num recital no Municipal, em que retornou ao palco para oito “bis”, incluindo na “canja” uma peça brasileira. Foi uma temporada de pianistas gigantes como Nelson Freire, Sônia Goulart e o russo Nikolai Lugansky. A pianista Fernanda Canaud, além de ter participado de dezenas de concertos, é destaque também pelo seu trabalho de diretora e idealizadora de um dos mais interessantes projetos de música que aconteceram durante o ano inteiro, o “Domingos Clássicos” na Sala Baden Powell, em Copacabana.

A Sala Cecília Meireles, sob a direção de Miguel Proença, teve uma programação diversificada: o Festival Mozart, que trouxe a OSB interpretando várias sinfonias do compositor, e os pianistas Cristian Budu e Linda Bustani. A sala encerrou a temporada com um concerto triunfal cujo destaque foi o violinista Daniel Guedes em interpretação arrebatadora do “Concerto em Ré Maior”, de Johannes Brahms.

O Festival Rio Cello teve momento singular com sua apresentação final na Cecília Meireles e homenagem a seu idealizador, o violoncelista David Chew, que inundou a cidade com bons concertos do instrumento.

A novidade do ano, que trouxe frescor para a música carioca, foi o Abstrai Ensemble, grupo conhecido por suas interpretações de compositores do século XX e XXI e que no ano que se encerrou lançou o álbum “Experiência”.

Uma crítica às apresentações do ano é ter havido pouca presença de compositores modernos como Stravinsky, Bartók, Schoenberg, John Adams e etc.

Mas, sem dúvida, foi um ano de música da melhor qualidade e presenças raras no Rio de Janeiro.

Saudações à temporada de 2019!

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